(Conteúdo em atualização ao longo do dia. Esta versão foi atualizada às 22h00)

Foram mais de 24 horas negociando o que negociar. Finalmente, na tarde desta terça-feira (17) em Bonn, na Alemanha, os diferentes blocos de países concordaram sobre a agenda formal na 62ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC. O impasse girava em torno de dois itens suplementares submetidos pela Bolívia, representando os Países em Desenvolvimento com Ideias Semelhantes (LMDCs, na sigla em inglês). Um referente ao Artigo 9.1 do Acordo de Paris (financiamento climático e apoio dos países desenvolvidos a países em desenvolvimento); outro sobre medidas comerciais unilaterais relacionadas à mudança do clima.
A solução encontrada foi não incluir esses dois itens na agenda, além de questões ligadas a clima e comércio, mas entrarão como notas de rodapé em uma decisão. Isto é, três tópicos não estarão presentes nas negociações em Bonn: clima e comércio; medidas unilaterais e o artigo 9.1. Porém, sobre este último item, ficou acertado que seria tratado na próxima SB, a SB63, que ocorrerá em Belém. Portanto, há chances consideráveis de que se torne um item de agenda a partir da COP30. Isso traz um certo desafio para a Presidência brasileira da Conferência, uma vez que se trata de um tema bastante controverso, como se viu nos debates na plenária da noite de segunda-feira (16) e também mesmo após o consenso sobre a agenda nesta terça.
O atraso de um dia na adoção da agenda de negociação pode impactar a série de eventos mandatados em Bonn. Exemplo disso é a consulta às Partes sobre o Roteiro de Baku a Belém para mobilizar US$ 1,3 trilhão, que estava previsto para segunda-feira e acabou não acontecendo.
A preocupação sobre o tempo dispendido nas negociações sobre a agenda foi externada pelo secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, que afirmou em seu discurso na plenária: “As últimas 30 horas foram difíceis. E não refletiram a urgência que enfrentamos”. O chefe da Convenção do Clima da ONU fez a declaração após informar que não gastaria mais tempo fazendo o discurso que havia preparado (disponibilizaria o texto no site, informou).
A breve fala de Stiell mostrou a importância do que serão os próximos oito dias em Bonn:
“Mesmo que imperfeito, mesmo que nenhum país ou grupo consiga tudo o que deseja, o multilateralismo climático tem apresentado progressos claros em cada COP recente.
Mas é claro que é preciso mais, e mais rápido. E precisamos demonstrar ao mundo que a cooperação climática pode gerar resultados. Agora mais do que nunca.
E se quisermos que a COP30 nos dê mais um passo global, precisamos dos próximos oito dias para gerar progressos concretos em todos os aspectos da agenda.”
O mandato dos especialistas do GGA
Um dos eventos que ocorreram no dia 1, mesmo com o impasse a respeito da agenda, foi o workshop sobre os indicadores do Objetivo Global de Adaptação (GGA, na sigla em inglês). Foram sete horas de discussão. A sessão terminou sem uma definição sobre a extensão do mandato dos especialistas, que reduziram uma lista de cerca de 9 mil indicadores para menos de 500 e estão trabalhando para refiná-la a até 100. No segundo dia, não houve novidades sobre o tema.

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