O tão aguardado CIM

Foto: Cadu Gomes/VPR/divulgação
Finalmente, o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) se reuniu. E aprovou a esperada correção da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) do Brasil. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) deverá apresentar em até 15 dias à UNFCCC, a Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, as novas metas: limite de emissões de 1,32 GtCO2e (gigatoneladas ou bilhões de toneladas de CO2 equivalente) para 2025 e 1,20 GtCO2e para 2030. A atualização deve ser submetida até antes do prazo, já que o relatório anual a ser apresentado na COP 28 levará em conta os valores registrados até 25 de setembro. 

A correção é um passo importante, mas não o suficiente para que a NDC brasileira atinja os níveis de ambição, transparência e credibilidade necessários para ser um plano de investimento do país. 

Além da resolução para correção da NDC, o CIM aprovou outras quatro resoluções: aprovação do regimento interno do colegiado, composto por 18 ministros e presidido pela Casa Civil (Rui Costa); instituição do Grupo Técnico de Natureza Temporária (GTT) para elaborar proposta de atualização da Política Nacional sobre Mudança do Clima PNMC (210 dias); sobre a elaboração do Plano Nacional sobre Mudança do Clima (Plano Clima), com previsão de criação de dois GTTs para estabelecer as estratégias nacionais e os planos setoriais de mitigação e de adaptação; e estabelecimento no âmbito do CIM do GTT para regulamentar e implementar o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) (365 dias).


Semana do Cerrado

A 4ª Fase do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado (PPCerrado), de 2023 a 2027, foi colocada em consulta pública. A proposta apresentada, baseada em experiências do PPCDAm, possui 4 eixos e 78 linhas de ação, divididos em 12 objetivos estratégicos, tendo a previsão de lançamento da sua versão final pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na COP 28. 

O Plano tem esforços direcionados para o nível subnacional, a fim de rever procedimentos de autorização de supressão vegetal (ASV) e assim chegar ao desmatamento zero no bioma. Dentre as suas linhas de ação, há a de regulamentar o mercado de carbono no Brasil, tal qual o PPCDAm, definindo regras e padrões de operação. A proposta de Plano ficará aberta para recebimento de contribuições em Consulta Pública até 13/10 no site Participa+Brasil.

Diferentemente do bioma amazônico, o Cerrado ainda vem sofrendo com aumento no desmatamento em 2023.


Haddad mantém mistério

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Plano de Transição (ou Transformação) Ecológica será lançado na próxima semana. O plano tem aparecido como uma das grandes apostas do governo para induzir a economia brasileira à agenda climática. Entretanto, sua construção tem sido pouco transparente e participativa, ponto fundamental para a implementação bem sucedida de políticas de fato transformadoras.


Exploração na Foz do Amazonas

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrou do IBAMA celeridade para aprovar o pedido para perfuração de poço de prospecção marítima na foz da Bacia do Amazonas, o chamado bloco FZA-M-59. Para o ministro, a aprovação é necessária para continuar gerando emprego e renda e também para financiar a transição energética. “Talvez seja a última grande fronteira de exploração, ainda, desses combustíveis no Brasil, até pelo tempo que o mundo prevê que vai se dar a transição energética”, disse. Há pressa para seguir na agenda do atraso e acelerar o relógio da emergência climática.


Combate a ilícitos na Amazônia

O IBAMA protocolou ação judicial para responsabilizar um pecuarista por ter queimado e desmatado 5,6 mil hectares da Floresta Amazônica entre 2003 e 2016. Na ação civil pública, são requeridas medidas de compensações financeiras e reparação pelo dano climático, conceito esse que foi sendo cunhado pela procuradoria do órgão na petição inicial. Segundo a AGU, as “infrações ambientais representaram a emissão de 901 mil toneladas de gases do efeito estufa e pede a condenação do infrator ao pagamento de R$ 292 milhões a título de compensação financeira”.


Eventos extremos no RS

Após os desastres ocorridos no Rio Grande do Sul, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin anunciou o aporte de R$ 741 milhões em apoio às vítimas, visando à aceleração da “reconstrução do Vale do Taquari e prepará-lo para as mudanças climáticas”. Há a perspectiva da passagem de um novo ciclone pela região, o que, caso se concretize, aprofundará a catástrofe na região.

É urgente o avanço da agenda de adaptação às mudanças climáticas. Eventos extremos são cada vez mais constantes.



Nesta semana, foram publicadas 3 normas referentes aos caminhos apontados no relatório Reconstrução da POLÍTICA POR INTEIRO, somando até agora 159 medidas de reconstrução da agenda climática.

Essas normas englobam a retomada do Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas (CNEA) no modelo mais plural e participativo, o reconhecimento e declaração de terras da Comunidade Remanescente de Quilombo Fonseca/PB e a instituição de Comitê Interministerial de Desintrusão de Terras Indígenas. 

Acompanhe aqui o andamento da reconstrução da agenda climática.

TALANOA NA MÍDIA

Folha de S. PauloLula vai desfazer ‘pedalada’ em meta do Brasil no Acordo de Paris
Folha de S. PauloMundo está na rota para aquecer de 2,4°C a 2,6°C, alerta ONU
((o)) ecoPassados oito meses de governo, Lula ainda não decidiu se Brasil vai entrar na OCDE
Capital ResetCinco pontos de tensão no projeto do mercado de carbono
Capital ResetQuem vai regular os reguladores do carbono?



MONITOR DE ATOS PÚBLICOS

O Monitor de Atos Públicos captou 12 normas relevantes para a agenda climática no DOU. Foi verificado como tema mais frequente Terras e Territórios, com 5 atos. A classe mais captada foi Resposta, com 6 normas, abrangendo os reconhecimentos de situações de emergência e emprego da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) em apoio à Funai na Terra Indígena Camicuã/AM e na Terra Indígena Apyterewa/PA.




MONITOR DE DESASTRES

Nesta semana, foram captadas 4 normas de reconhecimento de emergência por eventos extremos, abrangendo 143 municípios. O evento mais registrado foi a estiagem presente em muitos municípios do nordeste, principalmente no Piauí. As tempestades seguem sendo registradas no sul do país.

Bom fim de semana,
Equipe POLÍTICA POR INTEIRO

Assine nossa newsletter

Compartilhe esse conteúdo

Apoio

Realização

Apoio