SB62 – Bonn 2025: Dia 10 – Penúltimo dia se alonga em tópicos como GGA

O penúltimo dia da 62ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC, em Bonn, foi, como esperado, de correria para finalizar rascunhos a serem submetidos ao secretariado. E nem todas as salas de negociações lograram ter um texto de consenso a ser encaminhado – algo igualmente esperado. Discussões sobre como prosseguir em itens como o Objetivo Global de Adaptação (GGA) e a definição de seus indicadores e a implementação do Balanço Global (Global Stocktake, GST) estão na prorrogação, nesta quinta-feira (26).

Confira abaixo as movimentações nas agendas acompanhadas pela delegação da Talanoa nesta quarta-feira (25):

Adaptação

Objetivo Global de Adaptação (GGA, na sigla em inglês): Co-facilitadores foram encarregados de produzir um texto simplificado a respeito das orientações para os indicadores do GGA, uma vez que não houve consenso para um texto de rascunho. Um dos pontos de discordância foi em relação às considerações transversais. O Grupo Africano de Negociadores (AGN), o Grupo Árabe (AG) e a China defenderam a retirada de todo o parágrafo (abaixo) que fazia referência ao tema. O Grupo SUR (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), União Europeia, Canadá e Reino Unido afirmaram que deveria ser mantido o texto:

“O SBSTA e o SBI concordaram que o resultado final do programa de trabalho Emirados Árabes Unidos – Belém deve refletir considerações transversais relacionadas aos povos indígenas e comunidades locais, mulheres e meninas, pessoas de ascendência africana e outros desproporcionalmente afetados pelas mudanças climáticas, reconhecendo que a redução da vulnerabilidade é central para o objetivo global de adaptação”.

Planos Nacionais de Adaptação (NAPs): O texto de rascunho foi encaminhado para a SB63, na COP30, em Belém. O texto é a submissão apresentada na sala de negociação, em Bonn, pelo G77+China. 

Comunicações de Adaptação e questões relacionadas aos Países Menos Desenvolvidos (LDCs, na sigla em inglês): O texto de rascunho foi encaminhado.

Comitê de Adaptação: Não houve consenso. 

Balanço Global (GST): 

Modalidades do diálogo dos Emirados Árabes Unidos sobre a implementação dos resultados do GST: Há quatro opções de caminho a seguir: considerar o texto inicialmente apresentado pelos co-facilitadores na sessão da manhã; considerar o texto revisado disponibilizado à tarde; considerar os dois; ou não levar texto algum.

Procedimentos e logística: texto de rascunho encaminhado.

Programa de Trabalho para uma Transição Justa (JTWP): As negociações ficaram travadas, sobretudo em relação ao parágrafo 11g, sobre a importância de facilitar o acesso a energia limpa para transição. Por fim, o texto foi encaminhado com três opções. A primeira explicita a transição para longe dos fósseis (o famoso “transitioning away from fossil fuels” do Consenso de Dubai, COP28). A segunda é mais sucinta, não fala do abandono dos fósseis, mas mantém por exemplo referência a “cozinha limpa” e “segurança energética”. A terceira opção é eliminar esse item do parágrafo.

Negociador da Bolívia durante sessão do JTWP Foto: Talanoa

Houve defesas como a da Bolívia, que afirmou que nações em desenvolvimento precisam dos combustíveis fósseis como garantia de segurança energética. A Colômbia respondeu afirmando que não há segurança energética em um mundo acima do 1,5ºC (em relação ao período pré-industrial) e, como países em desenvolvimento, nós devemos estar interessados em nos tornarmos uma economia de baixo carbono, que pode triunfar de maneira sustentável.

Opção 1: A importância de facilitar o acesso universal a energia limpa, confiável, acessível e sustentável para todos, inclusive por meio da implantação em larga escala de energia renovável e acesso à cozinha limpa, e que tais esforços podem promover a segurança energética e apresentar oportunidades socioeconômicas significativas associadas à transição para longe dos combustíveis fósseis de forma justa, ordenada e equitativa, ao mesmo tempo em que reconhece que os caminhos para as transições energéticas variam de país para país, de acordo com as circunstâncias nacionais;

Opção 2: A importância de facilitar o acesso universal a energia limpa, confiável, acessível e sustentável para todos, incluindo o acesso à cozinha limpa, e que tais esforços podem promover a segurança energética;

Opção 3: {sem texto}.

 

Financiamento

Fundo de Adaptação: As Partes concordaram em encaminhar dois documentos, semelhantes em conteúdo, mas diferentes na forma. Um é a nota informal do co-facilitadores e o outro é uma submissão apresentada na sala de negociações por Iraque, em nome do G77+China, concluindo pela divisão dos temas negociados em três anexos: 1) Disposições para que o Fundo de Adaptação sirva exclusivamente o Acordo de Paris; 2) Membros do Conselho do Fundo de Adaptação; 3) Quinta revisão do Fundo de Adaptação. A continuidade desses tópicos de forma conjunta ou separada pode alterar a estratégia de atuação dos países e grupos nas negociações, assim como modificar a percepção sobre bloqueadores e apoiadores. A maior controvérsia ocorre sobre a terminologia a ser usada para determinar os grupos de países no Fundo: se mantida a referência a Anexo 1 e não-Anexo 1 do Acordo de Paris ou a adoção simplesmente de países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Essa discussão aparece no item relacionado à composição do conselho do fundo. 

Equipe Editorial (Liuca Yonaha, Marta Salomon, Melissa Aragão, Ester Athanásio, Marco Vergotti, Renato Tanigawa, Taciana Stec, Wendell Andrade, Daniel Porcel, Caio Victor Vieira, Beatriz Calmon, Rayandra Araújo e Daniela Swiatek).

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