Fundo Amazônia, yes! Não somente

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil



Mais uma semana em que os principais sinais relacionados às nossas agendas climáticas vieram das negociações entre Brasil e Estados Unidos. Já sabemos quanto Washington liberará para o Fundo Amazônia? Não. Não se sabe quantos, mas é praticamente certo que os dólares virão – e não apenas nesse mecanismo de doação. Após o encontro em Brasília com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e outros ministros, o enviado especial do governo norte-americano para o clima, John Kerry, afirmou que há uma proposta de US$ 4,5 bilhões sendo trabalhada no Senado de seu país e outra na Câmara, de US$ 9 bilhões em repasses. Parte desses valores podem ser direcionados ao Fundo Amazônia.

Marina e Kerry falaram sobre a importância de avançar na agenda de precificação do carbono e em adaptação e resiliência. A ministra afirmou que a cooperação deve ir além do Fundo Amazônia, incluindo também a possibilidade de obtenção de recursos da iniciativa privada e filantrópicos.

Os dois países publicaram um comunicado conjunto em que acordam fortalecer e aprimorar o grupo de trabalho de alto nível entre Brasil e EUA, retomando as atividades na maior brevidade possível e envolvendo demais ministérios envolvidos.

A presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, participou de uma reunião de organizações brasileiras com Kerry e a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elisabeth Bagley. Natalie mencionou ao enviado especial duas questões críticas: “Uma é que esperamos que a NDC brasileira seja convertida em um plano de investimento para direcionar recursos às metas de mitigação e adaptação de 2025 e 2030. Sugeri, por exemplo, que o DFC daquele país coloque o Brasil como top priority de sua estratégia de blended finance, afinal temos vastas oportunidades para investimento em conectividade, derisking de negócios da bioeconomia e infraestrutura resiliente e inteligente”.


STF e estado de coisas inconstitucional em matéria ambiental e climática
Em 10 ações que discutem o desmonte das políticas ambientais, em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) apresentaram petições requerendo “a perda total ou parcial do objeto das ações, ou ainda o reconhecimento de que houve mudança significativa na condução das políticas públicas ambientais”. Para a AGU e o MMA, há o entendimento de que o país “não se encontra mais no Estado de Coisas Inconstitucional” na seara ambiental.


Detenção de Greta e eólicas em terras de povos originários
A ativista Greta Thunberg, que participava de protesto em Oslo, na Noruega, contra a instalação de turbinas eólicas em áreas pertencentes ao povo originário Sami, foi detida junto com outros ativistas nesta semana.

A problemática das eólicas em terras de povos originários poderá também acontecer – ou já acontece – no Brasil (especialmente na região Nordeste), como foi apontado pela iniciativa Clima e Desenvolvimento, da qual o Instituto Talanoa participa. Em Camocim, no Ceará, há estudos de interferências que a indústria eólica promove nas comunidades próximas aos locais escolhidos para instalação de geradores, desde problemas como perda de território (por terem o acesso à região bloqueado) e mudanças na disponibilidade de recursos naturais, até situações de subemprego.


Taxação de combustíveis
Numa tentativa de compatibilizar a prioridade financeira com a de meio ambiente e social, o governo Lula decidiu retornar com a cobrança de impostos sobre combustíveis, com alíquotas diferentes: o peso ficará menor para os biocombustíveis e maior para os combustíveis fósseis.


Clima no MDIC
Via Decreto Federal 11.427/2023 foi aprovada a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções de confiança do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A norma estabelece que, dentre as áreas de competência do MDIC, está o desenvolvimento da economia verde, da descarbonização e da bioeconomia no âmbito da indústria, do comércio e dos serviços. Traz ainda na sua estrutura a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria.

Para o cargo de secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, foi nomeado Rodrigo Rollemberg.


Entidades ambientalistas e colegiados
Muito ressaltado no “Reconstrução”, a retomada dos colegiados e maior participação da sociedade civil são temas de suma importância e que devem ter atenção especial do governo Lula para que sejam restabelecidos em bases mais democráticas.

Nesse tema, dois editais publicados nesta semana versam sobre a eleição de entidades ambientalistas em dois colegiados: Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente e Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).


Monitor da Reconstrução
Nesta semana, foram publicados 2 atos relacionados ao relatório “Reconstrução”, elaborado pela Política por Inteiro.

  • EDITAL DE CONVOCAÇÃO: Tornar pública a abertura das indicações de entidades inscritas no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas (CNEA) para participarem, como candidatas e/ou eleitoras, do processo eleitoral dos representantes das entidades ambientalistas no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente.
    • Reconstrução: As alterações de composição e funcionamento também foram propostas no Reconstrução, considerando que as normas de funcionamento da Comissão deveriam ser revistas à luz de uma nova diretriz e com base em maior pluralidade, o que se reflete no novo decreto.
  • EDITAL Nº 1/GM/MMA: Torna público o edital de convocação que regulamenta o processo de eleição para escolha das entidades ambientalistas que integrarão o plenário do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama.
    • Reconstrução: As alterações de composição e funcionamento também foram propostas no Reconstrução, considerando que as normas de funcionamento da Comissão deveriam ser revistas à luz de uma nova diretriz e com base em maior pluralidade, o que se reflete no novo decreto.
  • Decreto Federal 11.427/2023 foi aprovada a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Estabelece dentre as suas áreas de competência o desenvolvimento da economia verde, da descarbonização e da bioeconomia, no âmbito da indústria, do comércio e dos serviços. Ainda, traz na sua estrutura a Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria. Foram revogados os Decretos 11.340/2023 e 11.410/2023, além do dispositivo do Anexo I do Decreto nº 11.345, de 2023.
    • Reconstrução: Foi apontada a lacuna de programas robustos de incentivo à bioeconomia a fim de garantir a escalada das atividades baseadas na sociobiodiversidade, possibilitando a transição para uma indústria descarbonizada.


Seguimos no monitoramento diário com o Monitor da Reconstrução.


MONITOR DE ATOS PÚBLICOS
Nesta semana, o Monitor de Atos Públicos captou 7 normas relevantes no Diário Oficial da União (DOU), sendo atos da classificação Resposta (3) em maior número, abrangendo reconhecimentos de situações de emergência. O tema Institucional (4) teve a maioria dos atos na semana, com realocação de cargos no ICMBio, editais para seleção de entidades ambientalistas em colegiados e estrutura regimental do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.


Bom fim de semana,
Equipe POLÍTICA POR INTEIRO

Equipe Editorial (Liuca Yonaha, Marta Salomon, Melissa Aragão, Ester Athanásio, Marco Vergotti, Renato Tanigawa, Taciana Stec, Wendell Andrade, Daniel Porcel, Caio Victor Vieira, Beatriz Calmon, Rayandra Araújo e Daniela Swiatek).

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