Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles.

Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Sem cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Sem cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Sem cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Sem cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Sem cookies para exibir.

Camarão que dorme a onda (de plásticos) leva

Foto: Canva

A diplomacia do multilateralismo não para e enquanto delegados climáticos decolavam de Baku, no Azerbaijão, após uma decisão final na COP29, delegados ambientais pousavam em Busan, na Coreia do Sul, para outra negociação. A ocasião se dá por razão da chamada INC-5, ou Quinta Sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação para definir o Tratado Global sobre Plásticos.

O mandato para construí-lo foi alocado no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), por intermédio da Resolução 5/14, de 2 de março de 2022, quando os países solicitaram ao diretor-executivo do PNUMA que iniciasse um Comitê Intergovernamental de Negociação (INC, em inglês) para desenvolver o instrumento jurídico em questão. Baseado no espírito constitutivo da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, adotada no Rio de Janeiro, em 1992, estabeleceu-se que o tratado deveria alicerçar-se em uma abordagem abrangente do ciclo de vida completo do plástico – produção, design e descarte.

O primeiro INC começou já no segundo semestre de 2022, com o horizonte final datado para 2024. O tempo chegou e a quinta sessão, programada para 25 de novembro até 1 de dezembro, está se desenvolvendo com batidas na mesa e notória presença de lobistas fósseis. Isso porque o centro da negociação envolve uma oportunidade única de reduzir o uso de plásticos em nível global, uma vez que o instrumento será legalmente vinculante e incorrerá em Planos Nacionais de Redução da Poluição Plástica.

Para o sucesso do tratado, quatro elementos mínimos precisam de ser devidamente incluídos na linguagem final:

  1. Metas objetivas e aferíveis de redução de produção plástica;

  2. Vedação à produção plástica a partir de químicos nocivos à saúde;

  3. Promoção global da economia circular; e

  4. Garantia de comparabilidade dos dados de implementação entre os 175 países na mesa de negociação.

Sem um tratado ambicioso e coordenado, a poluição plástica poderá triplicar até 2060, comprometendo ecossistemas, saúde pública e metas climáticas globais. Isto é, além da ameaça à biodiversidade marinha e costeira, a poluição plástica traz sérios riscos à saúde, como os efeitos carcinogênicos dos microplásticos. No entanto, o impacto vai além: a produção de plásticos, majoritariamente derivada de combustíveis fósseis, libera gases tóxicos e de efeito estufa na atmosfera, contribuindo significativamente para a crise climática.

Em 2019, a produção global de plásticos primários gerou cerca de 2,24 gigatoneladas métricas de emissões, o equivalente a mais de 500 milhões de carros movidos a gasolina rodando por um ano, segundo pesquisa do Lawrence Berkeley National Laboratory. A redução da produção plástica, portanto, não apenas combate a poluição, ao passo que é um passo incontornável para mitigar as mudanças climáticas.

Os lobistas fósseis sabem disso. Stewart Harris, porta-voz do Conselho Internacional de Associações Químicas, um grupo comercial, afirma que: “Acreditamos que um acordo focado em acelerar a circularidade e acabar com o descarte de resíduos plásticos no meio ambiente é fundamental”. Entretanto, Harris e outros advogam contra a inserção textual da vedação da produção plástica a partir de químicos nocivos à saúde humana e animal, bem como contra a restrição vinculante da produção plástica. Preferem que haja metas “nacionalmente voluntárias” de redução da produção de acordo com as capacidades instaladas nos países.

Ainda, de acordo com o levantamento do Center for International Environmental Law (CIEL), 220 lobistas das indústrias de combustíveis fósseis se registraram para o INC-5. Desta forma, a delegação em prol da poluição plástica é a maior desta rodada de negociação e superam os 140 representantes do país anfitrião, a Coreia do Sul;  os 191 delegados da União Europeia e seus 27 Estados-membros; e os da América Latina e Caribe, com 165 delegados. Como se o absurdo não fosse suficiente, países como a China, o Egito e, até mesmo a Finlândia, registraram lobistas fósseis dentro de suas delegações nacionais. 

Outra vez, mais um momento histórico do multilateralismo se desenrola diante dos nossos olhos. Garantir o abandono gradual e seguro dos plásticos de uso único é decisivo para a habitabilidade do planeta, não dá para tergiversar mais. Afinal, camarão que dorme, a onda (que esperamos que não seja a de plástico!)  leva. 


Pare o Tsunami de Plástico

Organizada pela Oceana e mais de 60 organizações da sociedade civil, a campanha Pare o Tsunami de Plástico foi lançada em 2023. O Instituto Talanoa faz parte da iniciativa. O objetivo é que a sociedade brasileira se mobilize pela redução da produção excessiva de plástico descartável e em apoio ao Projeto de Lei (PL) 2524/2022, para evitar a geração de resíduos plásticos de uso único, por intermédio da transição para uma economia circular com modelos de negócios que contribuam para o funcionamento eficiente do mercado interno e da vida nos sistemas humanos e não humanos.

Assine nossa newsletter

Compartilhe esse conteúdo

Apoio

Realização

Apoio