A poucos dias da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, mais de 50 organizações da sociedade civil da América Latina e do Caribe uniram as suas vozes numa carta aberta aos presidentes do G20, instando-os a tomar medidas decisivas em relação à crise climática que já afeta gravemente milhões de pessoas na região.
A carta, que sublinha a necessidade urgente de uma resposta coordenada, surge num momento crucial: enquanto as negociações da COP29 se realizam em Baku, no Azerbaijão, os líderes do G20 reúnem-se no Brasil para definir ações-chave para enfrentar a crise climática e a perda de biodiversidade.
Composto por países responsáveis por cerca de 80% das emissões globais de gases com efeito de estufa e 87% do PIB mundial, os membros do G20 têm uma capacidade única para alterar radicalmente a forma como a crise climática é abordada. Este grupo de países tem uma responsabilidade histórica de travar e inverter a perda de biodiversidade e as crises climáticas que afetam o planeta.
Na sua carta, as organizações enumeram sete ações concretas que o G20 poderia tomar para dar o exemplo na luta contra as alterações climáticas:
- Assegurar a apresentação de compromissos climáticos às Nações Unidas (também conhecidos como NDC) que reflitam um aumento generalizado da ambição de, pelo menos, 43% de redução das emissões até 2030 e 60% até 2035.
- Anunciar compromissos explícitos para eliminar gradualmente todos os combustíveis fósseis e reformar os subsídios aos combustíveis fósseis.
- Implementar o compromisso de triplicar a capacidade de produção de energia renovável e duplicar a taxa média anual de melhoria da eficiência energética até 2030.
- Promover um quadro de colaboração para facilitar um diálogo contínuo entre o G20 e a América Latina e o Caribe, a fim de ter em conta os impactos sociais e ambientais da extração de minerais críticos nos nossos territórios, ao abrigo dos princípios voluntários que recentemente subscreveram para promover transições energéticas limpas, sustentáveis, justas, acessíveis e inclusivas, reduzindo tanto quanto possível os impactos socioeconômicos e ambientais negativos das políticas e infraestruturas de minerais críticos.
- Apoiar os países com florestas tropicais da América Latina e do Caribe a conter e reverter o desmatamento e a degradação florestal até 2030 e a atingir o desmatamento zero.
- Acelerar a reforma financeira internacional que vai para além do âmbito da maximização da capacidade de financiamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento.
- Garantir que o novo objetivo de financiamento climático do Acordo de Paris (NCQG) aborde as necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento para a atenuação, adaptação e perdas e danos, com um montante mínimo de US$ 1 bilhão por ano.
As decisões tomadas nesta cúpula podem ser determinantes para o futuro do planeta. O Instituto Talanoa é uma das organizações que assinam a carta.