COP28 – dia 1: um bom começo

Primeiro dia de trabalho na COP28, e anúncios já foram feitos, enchendo de esperança e otimismo as organizações e países que vão acompanhar os 12 dias da Conferência do Clima das Nações Unidas, em Dubai. 

O anúncio da operacionalização do fundo de perdas e danos, um dos assuntos que acompanhamos no evento, foi aplaudido pelos delegados dos quase 200 países participantes na reunião. A criação do fundo se deu na COP 27, realizada no ano passado no Egito, mas na ocasião não havia sido detalhado o acordo. Os Emirados Árabes e a Alemanha já prometeram US$ 100 milhões (cerca de R$ 490 milhões) para o fundo – um valor bem abaixo dos US$ 100 bilhões, no mínimo, necessários por ano para ajudar os países que já sofrem com os efeitos das mudanças climáticas. Mas não deixa de ser um começo. 

É verdade, muita coisa e muita gente ainda vai passar pela Expo Dubai. São 97.000 delegados e 150 líderes mundiais. Espera-se que a Presidência dos Emirados Árabes Unidos faça uma série de anúncios positivos nos primeiros dias. No entanto, o que realmente interessa é o progresso nas questões centrais ao final da cúpula.

Os três homens – Stiell e Shoukru vestidos de terno preto, e Al Jaber de traje típico branco, se cumprimentam ao centro da foto, aplaudidos. Ao fundo, uma tela verde com os logos da UNFCCC e COP28 iluminados em branco

O que vem no dia 2 da COP28?

Nesta sexta-feira (1/12), o governo brasileiro vai estrear a sua participação na Conferência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Dubai, após passar por Arábia Saudita e Catar. No evento Mesa Redonda Brasil-Arábia Saudita, em Riad, Lula disse: “Daqui a 10 anos o Brasil será chamado a Arábia Saudita da energia verde, da energia renovável”. A fala gerou alguns questionamentos – sem contar a questão social e humanitária da comparação. 

O Brasil deve perseguir o objetivo de se tornar “gente grande” não apenas na produção, mas também no abastecimento do mundo com fontes renováveis de energia. Isso requer redirecionar os bilhões de reais hoje investidos em fósseis para renováveis (como no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC) e acabar com os subsídios. O Brasil pode ser líder se estabelecer e cumprir um calendário ambicioso de transição energética. Só seremos líderes se tivermos um plano de transição energética – que ainda não temos – que reduza gradualmente a produção e a queima de combustíveis fósseis. 

Nesta sexta-feira, dois eventos devem envolver a comitiva de ministros que acompanham Lula. No primeiro, será lançada a iniciativa Florestas Tropicais para Sempre: pagamento por floresta tropical conservada, do qual participarão Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Fernando Haddad (Fazenda), com representantes de outros países. Na sequência, Haddad lançará o Plano de Transformação Ecológica.

COP na mídia

Convite inconveniente

O Brasil foi convidado novamente, na visita do presidente Lula à Arábia Saudita, a se tornar membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+). O tema ocupou as manchetes dos portais brasileiros. Reportagem da Folha ouviu especialistas, incluindo a presidente da Talanoa, Natalie Unterstell, sobre a avaliação de um convite desses em meio a uma COP em que se discute o fim da era dos combustíveis fósseis. “O Brasil se tornar membro da Opep+ seria um tanto anacrônico nesta década ou nas anteriores. Agora confirmar essa intenção de se tornar membro durante uma COP – e, no caso, durante a COP que tem combustíveis fósseis no centro das negociações – é no mínimo inoportuno”, disse Unterstell, que está em Dubai.

No fundo, o que precisa é $$$$$

Do Guardian ao NYTimes, passando pela imprensa nacional, como os especializados Um Só Planeta e Capital Reset, o anúncio da operacionalização do fundo de perdas e danos já na plenária de abertura foi a grande notícia. Importante lembrar, como colocado na abertura deste boletim, que o acordo para a criação do fundo já havia saído na COP passada, em Sharm El-Sheik, no Egito. A hora agora, então, é de cobrar compromisso de contribuição dos maiores emissores históricos. “Agora o fundo requer fundos!”, diz Natalie Unterstell. Os países em desenvolvimento pedem ao menos US$ 100 bilhões ao ano. Espera-se que esse financiamento flua em forma de doações, não empréstimos que aumentem o endividamento dos países mais pobres e já vulnerabilizados.

Destaques do dia

País:

Ainda é cedo…

Fato:

Operacionalização dos detalhes do fundo para perdas e danos para os países mais pobres e vulneráveis

Frase:

 “Daqui a 10 anos o Brasil será chamado a Arábia Saudita da energia verde.” 

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