Lula na ONU: alerta sobre mundo mais desigual – e mais quente

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA, na sigla em inglês) lembrando de como o mundo mudou em 20 anos desde sua estreia naquela tribuna, em Nova York, em 2003, quando iniciava seu primeiro mandato presidencial. “Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática”, disse.

O discurso desta terça-feira (19) mostrou que o Brasil tem agora um presidente que reconhece a emergência climática. E contextualiza os desafios de transformação por ela impostos ao enfrentamento das desigualdades, que não se reduziram nas últimas décadas. Pelo contrário, “o mundo está cada vez mais desigual” – e mais quente.

A equipe da Política por Inteiro, do Instituto Talanoa, avaliou, como fez nos últimos anos com os discursos de Jair Bolsonaro, a fala de Lula ao mundo. Como sempre, é feita uma atualização metodológica dos itens de verificação para que o resultado possa traduzir melhor o contexto do evento. Assim, desta vez, foram avaliados os 17 tópicos abaixo, cada um deles recebendo um conceito entre Bom (vale 2 pontos), Razoável (1), Neutro (0), Ruim (-1), Péssimo (-2) e Sem menção (0). Anteriormente, a não menção a algum tópico recebia a mesma pontuação de Péssimo, já que o discurso era feito sob a perspetiva de se negar a emergência climática e o silêncio era indicado como uma negação sobre o fenômeno. Desta vez, considerou-se a pontuação sem impacto por entender-se a não menção como estratégia de priorização ou não de um assunto dentro da agenda climática e socioambiental.
BOM claro, ambicioso e condizente com ações em curso
RAZOÁVEL mencionado, com evidência de confiabilidade
NEUTRO mencionado, sem danos
RUIM mencionado, com danos
PÉSSIMO ausente ou mal tratado
SEM MENÇÃO não mencionado em seu discurso
Comentários
Reforça compromisso com ambição/Implementar NDC
RAZOÁVEL Sem menção.
Apresenta ações de neutralidade para 2050
SEM MENÇÃO Sem menção.
Desmatamento zero até 2030
SEM MENÇÃO Sem menção.
Comentários
Adaptação e resiliência
RAZOÁVEL Abriu o discurso citando desastres recentes e relacionando-os com a emergência climática, reconhecendo ser um aspecto que não estava presente no debate em suas gestões anteriores. Falou também de “perdas e danos”, com as populações vulneráveis do Sul Global sendo as mais afetadas.
Ações concretas para transição energética
NEUTRO Mencionou o potencial das energias renováveis e hidrogênio verde, mas não destacou metas ou ações concretas.
Descarbonização da matriz (phase out do petróleo)
SEM MENÇÃO Sem menção.
Considera o senso de urgência referente ao Relatório do IPCC
BOM Mesmo sem citar nominalmente o IPCC, reconhece a emergência climática.
Comentários
Assume metas de proteção para todos os biomas
NEUTRO Cita o Marco Global da Biodiversidade.
Ataca as causas do desmatamento e perda de biodiversidade
RAZOÁVEL Reconhece que é necessária “robusta e renovada agenda amazônica, com ações de fiscalização e combate a crimes ambientais”.
Comentários
Ações para transição para agricultura de baixo carbono (ex.: Compromisso Global Metano Zero)
SEM MENÇÃO Sem menção.
Comentários
Compromete-se a respeitar os direitos indígenas
SEM MENÇÃO Sem menção.
Compromete-se c/ participação popular e diálogo
BOM Defendeu em diversos momentos a democracia, seus mecanismos de participação e necessidade de inclusão e combate à desinformação.
Comentários
Cobrança de financiamento compatível com a ambição climática
BOM Destacou que, para cumprimento do Acordo de Paris e Marco Global da Biodiversidade, são necessários trilhões de dólares e criticou o fato de nem os 100 bilhões prometidos anteriormente não terem fluído.
Intenção de contribuir p/ precificação de carbono
SEM MENÇÃO Sem menção.
Comentários
Cumprimento de acordos
BOM Criticou falta de empenho dos países para Agenda 2030 e financiamento para Acordo de Paris e Marco Global da Biodiversidade. Reconhece os acordos e a necessidade de cumpri-los.
Proposições de novos acordos e mecanismos de cooperação
BOM Elenca as fraquezas do atual cenário internacional e conclama à reformulação da governança global, com cooperação que busque efetivo combate às desigualdades e crie bases de “um mundo justo e um planeta sustentável”.
Barreiras comerciais para coibir danos ambientais
SEM MENÇÃO Sem menção.
SOMA
5
BOM
3
RAZOÁVEL
2
NEUTRO
0
RUIM
0
PÉSSIMO
7
SEM MENÇÃO
TOTAL=13

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