Correndo com o relógio

Foto: Climate Clock
Quanto tempo temos para evitar os piores cenários decorrentes das mudanças climáticas? O Relógio do Clima, ou Climate Clock – desenvolvido com base nos cálculos de quanto nos resta até o orçamento de carbono se exaurir – nos alerta, neste sábado, que mais um ano se foi. Entramos na casa dos 5 anos na dramática contagem regressiva para agir enquanto é tempo de se manter o aumento médio da temperatura terrestre em níveis seguros para a humanidade. 

Neste 22 de julho, Dia da Emergência Climática –  o Relógio do Clima, será projetado no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, mostrando o tempo que ainda temos para limitar o aquecimento global em 1,5°C. Os anos, dias, horas, minutos e segundos são calculados a partir do chamado “orçamento de carbono”. Isto é, a quantidade de carbono que pode ser emitido globalmente antes que a probabilidade de impactos climáticos devastadores se torne muito alta. Se as taxas de emissões continuarem a aumentar, nosso orçamento de carbono se esgotará cada vez mais rápido, sendo necessário ajustar o Relógio do Clima, aproximando seu marco zero. Por outro lado, se reduzirmos a taxa de emissões globais, o tempo no relógio teoricamente começaria a aumentar.

“Devemos tomar medidas para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa para zero o mais rápido possível. O tempo está literalmente encurtando por conta das emissões crescentes, enquanto os impactos climáticos estão cada vez mais fortes”, diz Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa. “Contar menos de 6 anos para cortarmos as emissões de carbono pela metade dá a dimensão da urgência com que temos que agir. É a nossa geração, de todos os que estão vivos, que tem que resolver esse problema, aqui e agora. Não há tempo a perder com promessas vagas e falsas soluções”, ressalta.

O Instituto Talanoa levará ao Cristo Redentor um exemplar do relógio portátil, a partir das 16 horas deste sábado, para que visitantes possam tirar fotos com o simbólico objeto. Às 17h, um grupo de 24 voluntários executará a performance De Corpo Presente, da artista Ana Teixeira. Ao anoitecer, o Cristo Redentor receberá iluminação indicando a virada de 6 para 5 anos do cronômetro climático.


Mais um plano para a Amazônia: agora para Segurança e Soberania

Nesta sexta-feira, o Presidente da República assinou decreto que institui o Plano Amas (Amazônia, Segurança e Soberania), que oficializa a instalação de 28 bases terrestres e 6 fluviais na região e uma frente de meio ambiente dentro da Força Nacional de Segurança conforme sugestão do ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, apresentada na transição de governo. Espera-se a publicação do mesmo na próxima semana.


Enfrentar a emergência climática: uma prioridade orçamentária

O programa Enfrentamento da Emergência Climática foi o mais votado entre as 28 propostas ministeriais colocadas em consulta pública na construção do Plano Plurianual (PPA). O governo federal realizou a votação na plataforma Brasil Participativo, de 11 de maio até o último domingo (16). A proposta do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que recebeu 20.534 votos, prevê fortalecer a ação nacional para enfrentar os desafios de mitigação das emissões de gases de efeito estufa e de adaptação às mudanças climáticas. Em 60 dias, a plataforma digital do PPA Participativo recebeu mais de 4 milhões de acessos e 1.529.826 votações da população brasileira sobre as prioridades de investimento do governo para os próximos 4 anos.


E o Mercado de Carbono?

A ministra Marina Silva afirmou à imprensa nesta semana que o projeto de regulamentação do mercado de carbono no Brasil deverá ser enviado ao Congresso Nacional em agosto. O texto, disse, buscará aproveitar “ao máximo o conteúdo de dois projetos que tramitam no Congresso, sendo um na Câmara dos Deputados e outro no Senado”. Aqueles que tiveram acesso à última versão da minuta preparada pelo Executivo estão preocupados com a possível determinação de que o carbono seja considerado um ativo mobiliário, e não um ativo financeiro. Segundo entendidos, essa natureza jurídica foi justamente o que empacou a operacionalização do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões incluído na lei 12.187/2009, que institui a Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC). 


Investimentos europeus na América Latina

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou ao lado do Presidente do Brasil que a União Europeia investirá mais € 45 bilhões (R$ 242 bilhões) na América Latina e no Caribe, como parte do programa Global Gateway, especialmente em “projetos de infraestrutura, climáticos e digitais para fortalecer as cadeias de abastecimento da Europa, impulsionar o comércio da UE e ajudar a combater a mudança climática”. O sinal foi bem recebido neste momento em que o Acordo Mercosul-UE está “empacado”. Resta saber se será suficiente para destravar as negociações.  


(Re)lançamento da Norma ABNT 2060

Foi (re)lançada a Norma ABNT 2060, que “especifica os requisitos a serem cumpridos por qualquer entidade que busque demonstrar neutralidade de carbono por meio da quantificação, redução e compensação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de um objeto exclusivamente identificado”. A norma já havia sido divulgada durante a COP 27, em 2022 no Egito, e  teve como base documento do Organismo Nacional de Normalização Britânico (BSI), mas com o alinhamento de conteúdo às normas ISO. A Prática Recomendada 2060 teve apoio de governos estaduais, via ABEMA, o que representa a possível adoção do padrão também para políticas públicas. Alguns estados brasileiros – Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo dentre eles – que detém compromissos net zero (14 entre 27 jurisdições) chegaram a publicar decretos oficializando o início de sua implementação, ainda em 2021. Há poucas evidências de que tenha havido ajuste ou transformação de políticas e padrões de lá para cá.


MONITOR DA RECONSTRUÇÃO

Nesta semana não foram publicadas normas referentes aos caminhos apontados no relatório Reconstrução da Política por Inteiro.

Desde o início do novo governo federal, o Monitor de Atos Públicos captou 317 atos relacionados à política climática; destes, 131 tratam de normas que incidem no processo de reconstrução da agenda climática e ambiental brasileira.
TALANOA NA MÍDIA

Valor Econômico Agenda ambiental se choca com pauta agro
A Pública A curva de calor não baixa. E todo mundo deveria estar muito preocupado com isso
Colabora Relógio do Clima no Cristo Redentor vai alertar para urgência no enfrentamento da crise climática
Jornal Floripa A curva de calor não baixa. E todo mundo deveria estar muito preocupado com isso
Eco 21 Relógio do Clima chega ao Brasil no Dia da Emergência Climática



MONITOR DE ATOS PÚBLICOS

O Monitor de Atos Públicos  captou nesta semana 8 normas relevantes para a agenda climática no DOU. O tema mais frequente foi Desastres, com 5 atos. A classe mais captada foi Resposta (5 atos), englobando normas de declaração de desastres (situação de emergência e calamidade pública). Ainda há um rescaldo do ciclone que atingiu o sul do país na semana anterior.




MONITOR DE DESASTRES

Nesta semana foram captadas 5 normas de reconhecimento de emergência e calamidade pública em 38 municípios, especialmente por chuvas intensas em Alagoas e Pernambuco.

Bom fim de semana,
Equipe POLÍTICA POR INTEIRO

Equipe Editorial (Liuca Yonaha, Marta Salomon, Melissa Aragão, Ester Athanásio, Marco Vergotti, Renato Tanigawa, Taciana Stec, Wendell Andrade, Daniel Porcel, Caio Victor Vieira, Beatriz Calmon, Rayandra Araújo e Daniela Swiatek).

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