Nesta semana, o Monitor de Atos Públicos captou 22 normas relevantes publicadas no Diário Oficial da União. O tema Institucional (10) foi o mais recorrente. Entre as classes, Planejamento teve mais atos (9). Assim, foi uma semana mais de atos preparatórios para novas medidas do que normas já com impactos regulatórios/desregulatórios. Pauta verde no STFAs atenções de quem acompanha as políticas públicas de clima e meio ambiente ficaram voltadas para o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). A mais alta Corte do país iniciou as sessões de julgamentos da pauta verde, com a análise de sete ações. Uma Nota Técnica elaborada pela equipe do Instituto Talanoa, do qual a Política Por Inteiro é uma das iniciativas, foi publicada, analisando cada ação com dados, fatos e argumentos que demonstram a oportunidade que o STF tem em mãos para um passo fundamental nas políticas públicas brasileiras. “Em um documento meticuloso que avalia cada ação ‘verde’ do pacote, o Instituto Talanoa, think tank que trabalha com análises técnicas e monitoramentos de políticas públicas, defende que todas as sete ações sejam julgadas procedentes”, afirmou reportagem do portal Um Só Planeta, citando a Nota. No primeiro dia de julgamento, dia 30, a ministra Cármen Lúcia leu o relatório das duas primeiras ações em pauta (ADPF 760 e ADO 54, sobre paralisação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal – PPCDAm, e omissão no combate do desmatamento). Em seguida, advogados foram à tribuna para apresentar seus argumentos de defesa. Em sua fala, Bruno Bianco, advogado-geral da União (AGU), cometeu um deslize significativo: afirmou que o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) é um órgão do Ministério do Meio Ambiente. Isso não é mais verdade desde janeiro de 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro, em seu primeiro dia no cargo, transferiu o SFB ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A falha de Bianco ilustrou o que Cármen Lúcia chamou de “cupinização institucional”: a corrosão das estruturas por dentro das instituições que, aparentemente, seguem funcionando, mas operam de forma enfraquecida, impossibilitando implementar políticas públicas eficazes. No dia 31, a sessão se iniciou com sustentação oral do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, que seguiu na linha de raciocínio de independência dos três Poderes da República. Na sequência, a ministra Cármen Lúcia começou a leitura dos fundamentos do seu voto. Comentou com indignação a fala, na semana anterior, do ministro Paulo Guedes, que afirmou a empresários que “de vez em quando tem uma floresta que queima aqui e ali”. E fez resgate histórico da Administração Pública ambiental brasileira, de acordos internacionais e princípios basilares do Direito Ambiental/Constitucional brasileiro. Cármen Lúcia retomou a conceitualização do que chamou de “cupinização” das políticas públicas e instituições, referindo-se à corrosão de dentro para fora, ficando somente a aparência externa de que algo de concreto existe quando, na verdade, toda a estrutura e conteúdo foi esvaziado. Também trouxe a questão da “savanização da Amazônia”, especialmente o ponto de não retorno (tipping point, em inglês), que ficou mundialmente conhecido por estudo de Thomas Lovejoy com o brasileiro Carlos Nobre. Aproveitando-se do termo, falou em “savanização da democracia”. O ministro Luiz Fux, presidente do STF, entendeu por bem suspender a sessão sem a finalização do voto para prosseguir na próxima semana. Seguimos acompanhando! Confira aqui nosso tweet sobre o voto da ministra Cármen Lúcia. Desmatamento na AmazôniaMMA e Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) iniciaram a segunda etapa da Operação Guardiões do Bioma. Antes focalizado no combate às queimadas, essa segunda fase se volta ao combate ao desmatamento ilegal nos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia. Poucas informações sobre a operação são divulgadas. A POLÍTICA POR INTEIRO tentou obter informações via Lei de Acesso à Informação (LAI) em setembro/2021, mas o pedido foi negado. Na sessão do STF citada acima, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, destacou o Guardiões do Bioma como ação de combate ao desmatamento e componente de plano que substituiu o PPCDAm. POLÍTICA POR INTEIRO lança monitor de governos da Amazônia Legal com evento itinerante em três Estados. Objetivo é analisar políticas ambientais da região e oferecer dados qualificados a organizações socioambientais e pesquisadores. Saiba mais no Blog da Política Por Inteiro.   ICMBio Segundo André Borges, do Estadão, o ICMBio está sem verba para realizar o pagamento de 3 mil profissionais temporários que atuam em operações de apoio ao órgão como, por exemplo, queimadas. Comunicação interna da Coordenação-Geral de Finanças e Arrecadação do ICMBio à diretoria apontou valor total necessário de R$76,7 milhões. FrackingAberta Consulta Pública para elaboração do edital para execução de Projetos de Poço Transparente (fracking). A consulta receberá propostas até dia 30/04. No mês passado, integrantes do governo federal realizaram visita técnica ao principal polo de exploração de gás por meio da técnica de fraturamento hidráulico na Argentina. Fundo ambiental e biodiversidadeAs Conferências de Genebra, reuniões preparatórias para a COP 15 da CDB, terminaram na segunda-feira passada (29). Apesar dos resumos ressaltarem o sucesso de uma reunião tripla, extenuante para os delegados, muitas pendências ainda ficaram para a COP 15 que deverá ocorrer em Kunming, na China, ainda neste ano. Por isso mesmo, quanto ao novo quadro global para a biodiversidade pós-2020 (GBF), será necessária ainda uma nova reunião – marcada para 21 a 26 de junho de 2022, em Nairóbi, no Quênia. Além disso, todas as resoluções sobre biodiversidade marinha e costeira foram suspensas dada a falta de tempo em se discutir profundamente o assunto. Como observado em uma nota de rodapé na recomendação final, o anexo com as propostas das partes é uma compilação de submissões, enfatizando que “entende-se que esta prática não criará um precedente para o futuro, mas foi uma resposta às circunstâncias extraordinárias resultantes das limitações da reunião presencial causada pela pandemia da COVID-19, a necessidade de negociar urgentemente a GBF, e a necessidade de agendar uma reunião em consideração aos delegados que participaram da recente quarta sessão da Conferência Intergovernamental sobre biodiversidade marinha em áreas fora da jurisdição nacional (BBNJ ICG4)”. Temos que aguardar