COP30 – Dia 4: Avanços em adaptação e saúde

COP30 – Dia 4: Avanços em adaptação e saúde

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A quinta-feira (13), quarto dia da COP30, em Belém, começou com um ato em frente à entrada da Zona Azul, pedindo urgência no financiamento à adaptação. A mobilização ocorreu enquanto se desenrolam as negociações sobre os diversos itens nos trilhos de adaptação e financiamento. A sociedade civil pressiona para que os países desenvolvidos se comprometam a triplicar o financiamento para adaptação, alcançando US$ 120 bilhões anuais até 2030. Na quarta-feira (12), a cifra apareceu como opção no primeiro texto de rascunho dos indicadores do Objetivo Global de Adaptação (GGA).

Ao final do dia, Liliam Chagas, negociadora-chefe do Brasil, afirmou que as negociações desta quinta “decolaram”. Ela destacou os avanços em adaptação, agenda na qual dois grupos de negociação já trabalham com textos: GGA e NAPs (os Planos Nacionais de Adaptação).

Sinal positivo

O pedido de “tripling finance” para adaptação tem sido impulsionado pela sociedade civil latino-americana e tem apoio de redes internacionais. O sinal positivo é que o “tripling” já entrou no primeiro rascunho do GGA. 

Organizações latino-americanas entregaram, na quarta-feira à noite, um manifesto aos negociadores reafirmando a urgência de adotar os indicadores do GGA em Belém.

Mapa do Caminho para longe dos combustíveis fósseis

Cresce o apoio nos bastidores a um Mapa do Caminho para a transição para longe dos fósseis, mas ainda com poucos posicionamentos públicos dos países – um deles, o Reino Unido. Governos subnacionais estão aderindo abertamente. 

No início da tarde de quarta-feira (12), o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que não haveria um local formal na agenda de negociações para esse mapa do caminho, dizendo que se trata de um consenso interno, declarado na NDC do Brasil, e por isso central nos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a Cúpula dos Líderes. 

Porém, a ministra Marina Silva reafirmou, também na quarta-feira, em evento em que estava o vice-ministro de Meio Ambiente e Clima da Alemanha, Jochen Flasbarth, que há a oportunidade de sairmos com esse roteiro de Belém. Estamos acompanhando isso de maneira muito próxima e, se o Mapa do Caminho for implementado, será um ponto muito positivo como resultado dessa conferência.

Colômbia bloqueia novas áreas de exploração de petróleo e gás

A Colômbia anunciou, nesta quinta na COP30, que toda sua Amazônia — mais de 483 mil km² — passou a ser área protegida, ficando proibida a abertura de novas minas e novos projetos de extração de petróleo e gás. Segundo a ministra Irene Vélez Torres, a decisão busca frear o desmatamento, proteger rios e espécies e garantir a sobrevivência das comunidades que dependem da floresta.
O país também propôs aos vizinhos a criação de uma Aliança Amazônica pela Vida, reforçando a necessidade de cooperação para defender a floresta e combater crimes ambientais.

Saúde no foco das mudanças climáticas

Esta quinta-feira também foi o dia de falar sobre os impactos das mudanças climáticas para a saúde. Em coletiva de imprensa na COP30, o Ministério da Saúde lançou o Plano de Ação em Saúde de Belém. A iniciativa constitui-se em um plano internacional de adaptação climática dedicado exclusivamente à saúde e apresenta ações concretas para que os países possam preparar os seus sistemas de saúde e responder aos efeitos das mudanças climáticas na saúde das suas populações, especialmente as mais vulneráveis.

São 3 pilares que fundamentam o Belém Health Action Plan: 

✅Monitoramento e Alertas

✅Sistemas de Saúde resilientes à mudança do clima, com infraestrutura sendo reestruturada e corpo profissional sendo capacitado

✅ Inovação tecnológica: parcerias e financiamento de iniciativas que aumentem proteção de populações em regiões de alto risco

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o Brasil reduziu 92,5% a mortalidade por enchentes depois de começar a usar alertas. Evidências de que o cruzamento de dados do clima com dados de ação imediata promovem ação de cuidado da saúde. Padilha disse que todos os projetos de infraestrutura da saúde do Brasil terão como orientação o padrão construtivo resiliente às mudanças climáticas. As diretrizes podem variar de acordo com as características de cada território. No Amazonas, por exemplo, a estrutura fluvial será a via para encaminhar o atendimento às comunidades ribeirinhas por meio de embarcações.

Dos 80 signatários do Belém Health Action Plan, pelo menos metade são países de todos os continentes, incluindo nações com sistemas nacionais públicos – como o Reino Unido. O Brasil vai buscar ampliar a adesão. 

Também presente na coletiva, Ana Toni, CEO da COP30, falou do item de agenda sobre Saúde que foi proposto por Zimbábue na abertura da COP30. O item acabou sendo acomodado e entrou nas negociações de adaptação. Ela destacou como a Agenda de Ação impulsiona a implementação de forma paralela às negociações. “Ninguém deve esperar pelas negociações para agir. O mutirão do setor privado e da filantropia está acontecendo”, disse. Além disso, Ana Toni destacou como avanços neste Dia 4 da COP de Belém os diálogos com povos indígenas: justiça climática como tema central da COP e inclusão de povos originários em reconhecimento a sua contribuição na agenda de resiliência climática.

Fundo Amazônia

Na tarde desta quinta-feira, a União Europeia oficializou a doação de 20 milhões de euros (cerca de R$ 124 milhões) ao Fundo Amazônia, com desembolsos previstos nos próximos quatro anos. Essa doação já havia sido anunciada pela presidente da Comissão Europeia. O Fundo recebe doações condicionadas à redução do desmatamento no Brasil desde 2008.

Plano Clima: desmatamento legal é maior desafio de financiamento

A Estratégia do Plano Clima, apresentada nesta quinta na COP30, aponta que reduzir o desmatamento autorizado é o principal entrave para avançar na agenda climática, por falta de recursos e incentivos que favoreçam a conservação.

A restauração da vegetação nativa é a prioridade, com custo estimado de até R$ 52 bilhões. Adaptação urbana, agropecuária de baixo carbono e descarbonização da energia completam as frentes centrais. A Estratégia destaca ainda a taxonomia sustentável e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre como instrumentos para orientar investimentos.

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Frase

“Estamos convocando um mutirão mundial para proteger a saúde das pessoas mais vulneráveis, reforçando a preparação dos sistemas de saúde para enfrentar calor extremo, enchentes, secas e outras emergências.”

Ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha.

Tacacá do dia

Com uma coxinha custando R$ 40 nos restaurantes e bares da COP30, o restaurante da sociobiodiversidade tem sido um oásis para matar a fome dos participantes da Conferência. Além de servir alimentação saudável, equilibrada, produzida com alimentos de pequenos produtores da região, o buffet livre com suco e sobremesa sai pelo mesmo preço da coxinha. Quem sabe até tacacá vai entrar no cardápio!

Na quarta-feira (12), um painel que discutiu o futuro das cidades – incluindo Belém – quando o assunto é Adaptação Climática teve a participação do economista Sérgio Margulis e do especialista em Políticas Climáticas do Instituto Talanoa Wendell Andrade, entre outros convidados. A realização foi do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS). 

Assista ao painel, na íntegra: 

https://www.youtube.com/live/fxqtN8dmgJ8?si=A3roEHOEkrPB-XQO

Painel discute Resiliência e Adaptação

Em evento organizado pela Talanoa, lideranças políticas de Vanuatu, Uganda, Dinamarca e Brasil discutiriam a implementação de políticas de adaptação e resiliência. O evento aconteceu na Zona Azul.

Eventos Talanoa na COP

DATA EVENTO LOCAL HORÁRIO PARCEIROS ORGANIZADORES
15/11/2025 Evento ministerial de alto-nível – Energy Transition Council Side Event Room 2 14:30 – 16:00 E3G, ETC, Presidência COP30

Equipe Editorial (Liuca Yonaha, Marta Salomon, Melissa Aragão, Ester Athanásio, Marco Vergotti, Renato Tanigawa, Taciana Stec, Wendell Andrade, Daniel Porcel, Caio Victor Vieira, Beatriz Calmon, Rayandra Araújo e Daniela Swiatek).

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