Adaptação salva vidas
- Adaptação, COP30
- 13 de novembro de 2025
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Na noite de quarta-feira (12), a Força-Tarefa “Adaptação como Prioridade” e a iniciativa Co-CoA (Construção Coletiva de Indicadores de Adaptação) – que reúnem organizações da América Latina e do Caribe – lançaram um manifesto contundente em defesa de uma agenda concreta e ambiciosa para adaptação climática na COP30, em Belém. O documento foi entregue a negociadores envolvidos na agenda que discute os indicadores para adaptação.
O grupo destaca que a adaptação precisa deixar de ser tema de retórica e se materializar em resultados mensuráveis, com a adoção de um conjunto robusto e equilibrado de indicadores que completem o Marco dos Emirados Árabes Unidos para o Objetivo Global de Adaptação (GGA). Esses indicadores devem ser abrangentes e justos, contemplando os 11 objetivos e seus subcomponentes, além de prever níveis de desagregação que permitam incorporar aspectos transversais, como gênero, território e vulnerabilidade social.
Nesse sentido, ontem, em coletiva de imprensa na COP30, a embaixadora Liliam Chagas, diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e negociadora-chefe da delegação brasileira, enfatizou que a definição dos 100 indicadores globais do GGA é uma agenda obrigatória de negociação para este ano e que um adiamento não está nos planos. “Faremos tudo o que pudermos, dentro do tempo disponível. Este é o segundo dia de negociações, temos até o final da próxima semana para trabalhar nesses indicadores”, ponderou.
A carta da Co-CoA também reforça a urgência em ampliar o financiamento internacional para adaptação. Os países desenvolvidos ainda não cumpriram o compromisso firmado no Pacto Climático de Glasgow, que previa duplicar, até 2025, os níveis de financiamento de 2019.
O déficit global de recursos para adaptação, de acordo com o Relatório sobre o Hiato de Adaptação do PNUMA (2025), varia entre US$ 284 bilhões e US$ 339 bilhões anuais até 2035. Diante desse cenário, a Co-CoA propõe que os países desenvolvidos tripliquem o aporte de recursos, alcançando US$ 120 bilhões por ano até 2030. O movimento seria essencial para dar clareza e previsibilidade à implementação do Novo Objetivo Coletivo Quantificado (NCQG) definido na COP29, de US$ 300 bilhões anuais, e ao Roteiro Baku–Belém até 2035, para chegar a US$ 1,3 trilhão em financiamento climático a países em desenvolvimento.
Para garantir a implementação do Marco do GGA, o documento também defende que a decisão de Belém inclua atividades de capacitação, fortalecimento institucional e desenvolvimento de materiais de apoio aos países em desenvolvimento. O texto ressalta ainda a importância de alinhamento entre os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e os sistemas nacionais de monitoramento e avaliação com o novo marco global.
O manifesto encerra com um apelo direto: “A adaptação é urgente — vidas latino-americanas não podem esperar mais dois anos.”
O texto lembra que o Sul Global vem alertando há mais de três décadas sobre a necessidade de ação imediata, e que a ciência climática confirma o estreitamento da janela de oportunidade para reduzir os impactos da crise climática. Com base no Relatório do IPCC (2022), o grupo destaca que os efeitos das mudanças do clima já afetam a saúde, a segurança alimentar, o acesso à água e os meios de subsistência de milhões de pessoas na região. Cada atraso, afirmam, representa perdas e danos irreversíveis.
“A COP30 precisa ser lembrada como o momento em que a adaptação deixou de ser promessa e se tornou ação”, conclui o documento.
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