Lula defende uso do petróleo para financiar a transição energética

Lula defende uso do petróleo para financiar a transição energética

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Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR.

Ao tratar de um dos temas mais polêmicos das negociações climáticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu usar parte dos lucros com a exploração de petróleo para financiar a transição energética, como “um caminho válido para os países em desenvolvimento”. 

Sem apresentar detalhes, Lula anunciou a criação de um fundo com recursos da exploração de petróleo para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática. Em 2025, o Fundo Clima já deve receber cerca de R$ 3 bilhões da exploração de petróleo para financiar a descarbonização da economia e a adaptação à mudança climática. No Orçamento da União para 2026, o governo propôs mais R$ 31 bilhões da exploração de petróleo para apoiar o Fundo Clima. 

“A lógica de usar receitas fósseis para bancar a transição mantém o sistema vivo. Precisamos desativá-lo e não reinventá-lo com novos slogans”, comentou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa”. 

O Brasil é o oitavo maior produtor de petróleo do mundo, embora 50% da matriz energética tenha fontes renováveis. A maior parte do petróleo produzido no país é exportada. Petróleo e derivados, gás natural e carvão minerais representam 48,1% da matriz energética brasileira. 

No discurso durante a sessão temática da Cúpula dos Líderes que tratou de transição energética, Lula não fez nenhuma menção a um prazo para concluir a transição para longe dos combustíveis fósseis, cuja queima é responsável por mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa no planeta. 

Ao falar da necessidade de um “mapa do caminho” para acabar com a dependência dos combustíveis fósseis, Lula deu mais ênfase a triplicar o uso de energia renovável e a dobrar a eficiência energética (parte do que foi acordado na COP28, em Dubai), além do enfrentamento da pobreza energética. No discurso, Lula pediu o apoio dos demais líderes ao “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, ou “Belém 4x”, que prevê quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035. 

É grande a expectativa de que a COP30 possa avançar na transição para longe dos combustíveis fósseis acordada há dois anos, em Dubai, e pelo menos comece a definir o que seria uma transição justa, ordenada e equitativa, termos lançados na declaração final da COP28. Pelo discurso de Lula, o governo sinaliza a intenção de avançar o debate sobre transição energética via aumento do uso de combustíveis renováveis ou sustentáveis, sem um cronograma pré-definido para reduzir a produção de combustíveis fósseis. 

“O fim do uso de combustíveis fósseis promete continuar a ser um dos temas mais difíceis nas negociações climáticas, mas é preciso definir quem vai parar antes de produzir e queimar petróleo, um cronograma mínimo, critérios claros”, observa Marta Salomon, especialista sênior em políticas climáticas no Instituto Talanoa. 

Ainda durante do discurso, o presidente do Brasil fez uma breve menção ao uso de minerais estratégicos, considerados fundamentais para a transição energética, pelo uso tanto em baterias como na geração eólica e solar, ao defender a participação dos países em desenvolvimento na cadeia de valor e não apenas como provedor desses minérios. 

Lula fez um apelo aos líderes presentes em Belém: “Devemos decidir se o século XXI será lembrado como o século da catástrofe climática ou como o momento da reconstrução inteligente”.

Equipe Editorial (Liuca Yonaha, Marta Salomon, Melissa Aragão, Ester Athanásio, Marco Vergotti, Renato Tanigawa, Taciana Stec, Wendell Andrade, Daniel Porcel, Caio Victor Vieira, Beatriz Calmon, Rayandra Araújo e Daniela Swiatek).

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