Começou a Cúpula do Clima em Belém. No fim da manhã desta quinta-feira (6), o presidente Lula abriu a sessão que reúne os chefes de Estado celebrando a realização da COP na Amazônia brasileira, como um lugar que o mundo deve conhecer e interpretar a partir de lentes diversas. “E nós resolvemos que a Amazônia para o mundo é como se fosse uma Bíblia. Todo mundo sabe que existe e interpreta cada um da sua forma. E nós queríamos que as pessoas viessem aqui para ver o que é a Amazônia, para ver o que é o povo da Amazônia, a natureza da Amazônia, a culinária da Amazônia”, afirmou.

Durante discurso de abertura, Lula deu ênfase às decisões da COP28 (que reconheceu a necessidade da transição para longe dos combustíveis fósseis) e da COP29 (que trata de triplicar o financiamento climático) como legados que precisam ser honrados em Belém. “Belém honrará os legados de Dubai e Baku. Acelerar a transição energética e proteger a natureza são as melhores formas de frear o aquecimento global”, disse. A fala esteve em sintonia com o tom adotado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que compôs a mesa de abertura do encontro ao lado das lideranças brasileiras e apresentou a COP30 como a COP da implementação, enfatizando: “No more greenwashing. Implementation, implementation, implementation“.

Próprio da agenda política de Lula, o presidente brasileiro também falou sobre os desafios climáticos frente ao contexto geopolítico e problemas aprofundados pela desigualdade social, pontuando que a mudança do clima “é resultado do que sempre separou ricos e pobres e será impossível contê-la sem encarar a desigualdade dentro e entre nações”. Lula ainda alertou para recordes de temperatura em 2024, mas convocou os líderes a não desistirem das metas de Paris e tomarem Belém como parte de um grande compromisso com a transição, que deve ser impulsionado pelos líderes globais. “Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos”.

O destaque concedido ao papel consolidador de decisões importantes deve ser visto com otimismo. “O discurso do presidente Lula aumenta a expectativa de que a COP30 desenhe um “mapa do caminho” para longe dos combustíveis fósseis e também para mobilizar recursos necessários para evitar perdas humanas e materiais que ele mesmo classificou de “drásticas””, comentou Marta Salomon, analista sênior que acompanha a Cúpula do Clima em Belém. “Seria a forma de completar o trabalho de duas cúpulas anteriores, em Dubai e Baku.”