(O conteúdo que você vai ler a seguir é feito totalmente por humanos, e para humanos)
O clima já mudou em todo o mundo mas, apesar disso, o financiamento para a adaptação climática não avançou nas negociações da ONU. Um bom exemplo é o Novo Objetivo Coletivo Quantificado de Financiamento Climático (NCQG), que não inclui incentivos claros para adaptação. Na COP30, no entanto, esse tema não poderá mais ser deixado de lado: este ano vencem o Pacto Climático de Glasgow para duplicação dos recursos para adaptação (2019-2025) e a maior parte dos compromissos dos países doadores. Isso significa que o financiamento para adaptação pode cair drasticamente a partir de 2026. O alerta vem de organizações de todo o mundo, que fizeram a entrega de um documento sobre o tema à presidência da COP30 durante a pré-COP, que reunirá negociadores climáticos das partes integrantes do Acordo de Paris em Brasília nos dias 13 e 14 de outubro.
Além de alertar sobre o abismo financeiro que o tema pode enfrentar em 2026, o documento pede que o financiamento para adaptação seja triplicado até 2030, garantindo pelo menos US$ 86 bilhões por ano até 2030 – o que reduziria o déficit em mais de 30%, evitando o aumento da lacuna entre necessidades e recursos disponíveis. O apelo para que a adaptação climática receba mais atenção será reforçado por uma projeção na noite de 13 de outubro, entre 19h e 22h, no Museu Nacional da República.
“A COP30 chega em um momento histórico de convergência: a ciência, os países vulneráveis e a sociedade civil estão dizendo a mesma coisa: é hora de agir pela adaptação com a mesma ambição dedicada à mitigação”, afirmou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa – uma das organizações signatárias da carta e que está promovendo a projeção em Brasília. “Essa é uma agenda de sobrevivência”, sintetiza.
Atualmente a adaptação segue cronicamente subfinanciada, representando apenas 34% do financiamento climático global, segundo a edição 2024 do Adaptation Gap Report, 2024) – muito embora o equilíbrio entre mitigação e adaptação esteja previsto na NCQG e no Acordo de Paris. Por isso, é urgente criar incentivos de curto prazo para ampliar esse financiamento para adaptação, garantindo o apoio necessário a bilhões de pessoas que se encontram na linha de frente da crise climática – especialmente nos países em desenvolvimento, que precisam de previsibilidade financeira para transformar risco em resiliência.
O documento inclui recomendações para viabilizar esse avanço, começando pela criação de um instrumento “sucessor” ao pacto de Glasgow que renove compromisso de prover financiamento para adaptação aos países em desenvolvimento. Como os atuais compromissos com o financiamento climático dos países doadores estão chegando ao fim, a COP30 é também uma oportunidade para que sejam renovados com números específicos para adaptação.
“Embora Belém já avance no tema, com a conclusão dos indicadores do Objetivo Global de Adaptação, a implementação de ações de adaptação depende de financiamento previsível. Colocar a adaptação no coração das negociações poderá tornar a COP30 um divisor de águas no enfrentamento da crise climática”, destaca Natalie.
Estudo mostra que cada dólar investido em adaptação gera até dez dólares em múltiplos benefícios econômicos e sociais. Ao contrário, cada dólar ausente se traduz em perdas humanas e financeiras muito maiores, como o mundo já está testemunhando nas cada vez mais severas e recorrentes enchentes, secas, furacões e outros eventos extremos.
A carta à presidência da COP30 é assinada por:
1. Força Tarefa Latinoamericana “Adaptação como prioridade para a COP 30”
2. Instituto Talanoa
3. Transforma Global
4. Argentina 1.5
5. Plataforma CIPÓ
6. Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)
7. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
8. Asociación para la Educación y el Desarrollo (ASEDE)
9. Instituto Decodifica
10. Fundación Avina
11. Instituto Alana
12. Instituto Socioambiental (ISA)
13. Grupo de Financiamiento Climático para Latinoamérica y el Caribe (GFLAC)
14. Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
15. Centro Brasil no Clima (CBC)
16. WWF-Brasil
17. Conectas Direitos Humanos
18. Instituto Água e Saneamento
19. Palmares Laboratório Ação
20. IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas
21. Fundação SOS Mata Atlântica
22. Fundação Amazônia Sustentável (FAS)
23. Instituto Socioambiental da Bacia do Alto Paraguai SOS Pantanal
24. Fundación de Iniciativas de Cambio Climático, de Honduras
25. Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
26. Latin American Youth Climate Scholarship (LAYCS)
27. Clima de Política
28. Rede Vozes Negras pelo Clima
29. CANLA – Climate Action Network Latin-America
30. PerifaConnection
31. DanChurchAid
32. Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP)
33. Africa Climate Justice Movement
34. International Centre for Environmental Health and Development
35. Geledés – Instituto da Mulher Negra
36. Instituto Cerrado do Brasil
37. Instituto Triê
38. Climate Ventures
39. ECCO think tank
40. Oxfam Brasil
41. Observatório do Clima
Projeção em Brasília leva apelo a todos os negociadores
Todas as pessoas, incluindo os negociadores que passarem em frente ao Museu Nacional da República entre as 19h e 22h do dia 13 de outubro, vão se deparar com a intervenção poética e visual Do presente ao futuro com adaptação climática, com concepção artística de Gisela Mota e Mariana Lacerda, que lança um chamado à ação. A projeção mostra a importância da adaptação para o futuro da vida na Terra com frases simples e diretas, como
“A crise climática é real. O planeta está mais quente”
“Líderes mundiais, a adaptação climática não pode esperar”
“A adaptação é vida, para todos os povos e todas as espécies”
“Adaptação é ação: cidades-esponja, agricultura resiliente, sistemas de alerta precoce”
As frases serão projetadas em diálogo com animações inspiradas nas gravuras do artista Evandro Carlos Jardim, conhecidas por retratar o movimento da natureza e das cidades. Nas imagens, vento, chuva e transformação dão forma a reflexões sobre os limites e possibilidades da vida em um planeta em mudança.
A ação tem por objetivo sensibilizar os tomadores de decisão e a sociedade civil sobre a necessidade de integrar a adaptação climática à agenda central da COP 30. A intervenção propõe deslocar o olhar dos participantes — negociadores, autoridades e público em geral — para a dimensão humana, política e coletiva da adaptação climática.
Serviço – Projeção sobre Adaptação Climática
Museu Nacional da República – Brasília (DF)
13 de outubro de 2025 – das 19h às 22h
Evento gratuito e aberto ao público.
Divulgação: AViV Comunicação
Renata Vedovato – (11) 98088-2804 – renata.vedovato@avivcomunicacao.com.br
Silvia Dias – (11) 99191-7456 – silvia.dias@avivcomunicacao.com.br
Izabela Sanchez – (14) 99643-4902 – izabela.sanchez@avivcomunicacao.com.br
Leia a íntegra da carta
Organizations:
1. Força Tarefa Latinoamericana “Adaptação como prioridade para a COP 30”
2. Instituto Talanoa
3. Transforma Global
4. Argentina 1.5
5. Plataforma CIPÓ
6. Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)
7. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
8. Asociación para la Educación y el Desarrollo (ASEDE)
9. Instituto Decodifica
10. Fundación Avina
11. Instituto Alana
12. Instituto Socioambiental (ISA)
13. Grupo de Financiamiento Climático para Latinoamérica y el Caribe (GFLAC)
14. Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
15. Centro Brasil no Clima (CBC)
16. WWF-Brasil
17. Conectas Direitos Humanos
18. Instituto Água e Saneamento
19. Palmares Laboratório Ação
20. IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas
21. Fundação SOS Mata Atlântica
22. Fundação Amazônia Sustentável (FAS)
23. Instituto Socioambiental da Bacia do Alto Paraguai SOS Pantanal
24. Fundación de Iniciativas de Cambio Climático, de Honduras
25. Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
26. Latin American Youth Climate Scholarship (LAYCS)
27. Clima de Política
28. Rede Vozes Negras pelo Clima
29. CANLA – Climate Action Network Latin-America
30. PerifaConnection
31. DanChurchAid
32. Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP)
33. Africa Climate Justice Movement
34. International Centre for Environmental Health and Development
35. Geledés – Instituto da Mulher Negra
36. Instituto Cerrado do Brasil
37. Instituto Triê
38. Climate Ventures
39. ECCO think tank
40. Oxfam Brasil
41. Observatório do Clima
13 de outubro de 2025
Carta aos líderes na pré-COP de Brasília
À Presidência da COP 30
Aos Ministros e Chefes de Delegação
As instituições signatárias desta carta conclamam os líderes globais a fazerem da COP 30 um marco de coragem política, solidariedade internacional e visão de futuro em relação à adaptação climática.
Em Belém, é essencial adotar um conjunto robusto de decisões que consolide a adaptação como prioridade dentro do regime internacional sobre mudança do clima. A conclusão dos indicadores do Objetivo Global de Adaptação (GGA) em Belém representará um passo decisivo para fortalecer a arquitetura global de resiliência. A consecução desse objetivo dependerá de financiamento previsível que sustente sua implementação.
Atualmente, o panorama é de preocupação, por dois motivos principais. Primeiro, não há incentivos claros para adaptação dentro do Novo Objetivo Coletivo Quantificado de Financiamento Climático (NCQG). Segundo, vencem, em 2025, tanto o Pacto Climático de Glasgow para duplicação dos recursos para adaptação (2019-2025), quanto a maior parte dos compromissos dos países doadores. O financiamento para adaptação pode enfrentar um verdadeiro abismo a partir de 2026, justamente quando os custos da inação aumentam e os benefícios da ação antecipada diminuem.
Por outro lado, o Roteiro de Baku a Belém para US$1,3 trilhão oferece uma oportunidade concreta para ampliar o financiamento da adaptação dentro da arquitetura financeira global. E, como demonstrou o Glasgow target de duplicação até 2025, uma meta coletiva cria um referencial político que impulsiona fluxos e reorienta investimentos.
Este é, portanto, o momento de dar um novo impulso político e financeiro à adaptação. A COP30 pode ser reconhecida como a COP que decidiu pelo menos triplicar o financiamento para adaptação até 2030, estabelecendo um compromisso para a implementação de ações inadiáveis em países em desenvolvimento.
Por que ao menos triplicar?
- Porque os países em desenvolvimento precisam de previsibilidade para transformar risco em resiliência, o que requer clareza e estabilidade nos fluxos públicos internacionais;
- Porque essa meta criará o incentivo de curto prazo necessário para alcançar o equilíbrio entre mitigação e adaptação até 2035, como previsto no Novo Objetivo Coletivo Quantificado (NCQG) e no Acordo de Paris;
- Porque alinha-se ao compromisso de se triplicar até 2030 os recursos canalizados aos fundos climáticos verticais, como o Fundo Verde para o Clima (GCF) e o Fundo de Adaptação (AF);
- Porque as necessidades anuais de adaptação nos países em desenvolvimento são estimadas entre US$ 215 e 387 bilhões até 2030, enquanto os fluxos públicos internacionais somaram apenas US$ 28 bilhões (em 2022); elevar esse valor a pelo menos US$ 86 bilhões por ano até 2030 reduziria o déficit em mais de 30%, evitando o aumento da lacuna entre necessidades e recursos disponíveis; e
- Porque a adaptação segue cronicamente subfinanciada, representando apenas 34% do financiamento climático global (Adaptation Gap Report, 2024), apesar de ser a linha de frente da proteção de bilhões de pessoas perante a crise climática.
Como a COP 30 pode viabilizar esse avanço?
Recomendamos à Presidência da COP 30 e às delegações que, com coragem e visão, articulem uma decisão que inclua três componentes fundamentais:
- Um “sucessor” ao compromisso de Glasgow. Reforçando a decisão de Baku sobre o NCQG, Belém deve dar o próximo passo necessário: renovar o compromisso de prover financiamento para adaptação aos países em desenvolvimento no curto prazo. No mínimo, triplicar o financiamento para adaptação até 2030, considerando pelo menos o nível de 2022 como base, ou então os dados de cumprimento da meta de Glasgow, quando disponíveis. Essa é a proposta do Grupo dos Países Menos Desenvolvidos (LDCs, na sigla em inglês), que apoiamos integralmente.
- O impulso à renovação dos compromissos dos países desenvolvidos com o financiamento para adaptação. Países doadores estão no fim de seus atuais compromissos com o financiamento climático e têm agora a oportunidade de renová-los e aumentá-los, com números específicos para adaptação.
- Aproveitar o impulso político do Roteiro de Baku a Belém. O Roteiro de Baku à Belém oferece o marco político necessário para elevar o financiamento para adaptação como pilar central do NCQG, ao lado da mitigação.A COP30 deve aproveitar esse momento para assegurar que a adaptação receba recursos previsíveis, em forma de doação e de acesso facilitado, capazes de enfrentar o subfinanciamento crônico e fortalecer a resiliência dos mais vulneráveis.
Lembrem-se… Financiar a adaptação é inteligente.
A adaptação é local, mas seus impactos são globais. Cada dólar investido em adaptação gera dez dólares em múltiplos benefícios econômicos e sociais, enquanto cada dólar ausente se traduz em perdas humanas e financeiras muito maiores. Financiar a adaptação salva vidas, reduz custos futuros e cria oportunidades para comunidades e economias, construindo um desenvolvimento resiliente. No setor agrícola, pode evitar perdas de US$20 a 25 bilhões em safras e rebanhos até 2050. No setor de água e saneamento, pode evitar perdas de US$270 a 380 bilhões causadas por tempestades, enchentes e secas. Reforçar a resiliência em energia, transporte e telecomunicações pode evitar danos de US$110 a 170 bilhões em infraestrutura até 2050. E investir em resiliência pode gerar mais de 280 milhões de empregos na próxima década (Systemiq et al., 2025).
Lembrem-se… Financiar a adaptação é proteger vidas.
No mundo todo, a realidade da inação climática é catastrófica: inundações, secas, insegurança alimentar e danos à saúde afetam populações mais vulnerabilizadas. Povos indígenas, territórios negros e quilombolas, comunidades locais e periferias urbanas já enfrentam os riscos com soluções lideradas no nível local. Mas, por mais inovadoras que sejam, essas iniciativas precisam de escala suficiente: precisam de financiamento previsível e apoio para transformar a resiliência local em segurança coletiva.
Tripliquem o financiamento para a adaptação e sejam lembrados como líderes que tiveram a coragem de agir.
Com determinação e esperança,
Organizaciones:
1. Força Tarefa Latinoamericana “Adaptação como prioridade para a COP 30”
2. Instituto Talanoa
3. Transforma Global
4. Argentina 1.5
5. Plataforma CIPÓ
6. Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)
7. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
8. Asociación para la Educación y el Desarrollo (ASEDE)
9. Instituto Decodifica
10. Fundación Avina
11. Instituto Alana
12. Instituto Socioambiental (ISA)
13. Grupo de Financiamiento Climático para Latinoamérica y el Caribe (GFLAC)
14. Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
15. Centro Brasil no Clima (CBC)
16. WWF-Brasil
17. Conectas Direitos Humanos
18. Instituto Água e Saneamento
19. Palmares Laboratório Ação
20. IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas
21. Fundação SOS Mata Atlântica
22. Fundação Amazônia Sustentável (FAS)
23. Instituto Socioambiental da Bacia do Alto Paraguai SOS Pantanal
24. Fundación de Iniciativas de Cambio Climático, de Honduras
25. Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
26. Latin American Youth Climate Scholarship (LAYCS)
27. Clima de Política
28. Rede Vozes Negras pelo Clima
29. CANLA – Climate Action Network Latin-America
30. PerifaConnection
31. DanChurchAid
32. Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP)
33. Africa Climate Justice Movement
34. International Centre for Environmental Health and Development
35. Geledés – Instituto da Mulher Negra
36. Instituto Cerrado do Brasil
37. Instituto Triê
38. Climate Ventures
39. ECCO think tank
40. Oxfam Brasil
41. Observatório do Clima
13 de octubre de 2025
Carta a los líderes en la Pre-COP de Brasilia
A la Presidencia de la COP30
A los Ministros y Jefes de Delegación
Las instituciones firmantes de esta carta exhortan a los líderes mundiales a hacer de la COP30 un hito de coraje político, solidaridad internacional y visión de futuro en materia de adaptación climática.
En Belém, será esencial adoptar un conjunto sólido de decisiones que consolide la adaptación como una prioridad dentro del régimen internacional sobre el cambio climático. La conclusión de los indicadores del Objetivo Global de Adaptación (GGA) representará un paso decisivo hacia el fortalecimiento de la arquitectura global de resiliencia. Sin embargo, alcanzar este objetivo dependerá de financiamiento previsible que sustente su implementación.
Actualmente, existen serias preocupaciones, por dos razones principales.
Primero, no hay incentivos claros para la adaptación dentro del Nuevo Objetivo Colectivo Cuantificado sobre Financiamiento Climático (NCQG). Segundo, en 2025 expirará tanto la meta del Pacto Climático de Glasgow de duplicar colectivamente la financiación para la adaptación (2019–2025) como la mayor parte de los compromisos de los países donantes en materia de financiamiento climático. La financiación para la adaptación podría enfrentar un verdadero abismo a partir de 2026, precisamente cuando los costos de la inacción aumentan y los beneficios de la acción temprana disminuyen.
Por otro lado, el Plan de Ruta de Bakú a Belém hacia 1,3 billones de dólares estadounidenses ofrece una oportunidad concreta para ampliar la financiación de la adaptación dentro de la arquitectura financiera global. Y, como demostró la meta de duplicación de Glasgow, un objetivo colectivo claro crea una referencia política que impulsa los flujos financieros y reorienta las inversiones.
Este es, por lo tanto, el momento de dar a la adaptación un nuevo impulso político y financiero. La COP30 puede ser recordada como la COP que decidió al menos triplicar la financiación para la adaptación hasta 2030, estableciendo un compromiso claro con la implementación de acciones urgentes en los países en desarrollo.
¿Por qué al menos triplicar?
- Porque los países en desarrollo necesitan previsibilidad para transformar el riesgo en resiliencia, lo que requiere claridad y estabilidad en los flujos públicos internacionales;
Porque triplicar la financiación crea el incentivo a corto plazo necesario para lograr el equilibrio entre mitigación y adaptación para 2035, tal como se prevé en el NCQG y en el Acuerdo de París; - Porque se alinea con el objetivo de triplicar, para 2030, los recursos canalizados a los fondos climáticos verticales, como el Fondo Verde para el Clima (GCF) y el Fondo de Adaptación (AF);
- Porque las necesidades anuales de adaptación de los países en desarrollo se estiman entre 215 y 387 mil millones de dólares estadounidenses para 2030, mientras que los flujos públicos internacionales ascendieron a solo 28 mil millones en 2022 (UNEP, 2024); elevar esta cifra a al menos 86 mil millones de dólares por año hasta 2030 reduciría el déficit en más del 30%, evitando el aumento de la brecha entre necesidades y recursos disponibles;
- Porque la adaptación sigue estando crónicamente subfinanciada, representando solo el 34% del financiamiento climático global (Adaptation Gap Report, 2024), a pesar de ser la primera línea de protección para miles de millones de personas frente a la crisis climática.
¿Cómo puede la COP30 hacerlo posible?
Recomendamos que la Presidencia de la COP 30 y las delegaciones, con coraje y visión, trabajen hacia una decisión que incluye tres componentes fundamentales:
- Un “sucesor” del compromiso de Glasgow. Basándose en la decisión de Bakú sobre el NCQG, Belém puede dar el siguiente paso necesario: renovar el compromiso de proporcionar financiación para la adaptación a los países en desarrollo. Como mínimo, esto significa triplicar la financiación para la adaptación hasta 2030, utilizando los niveles de 2022 o, cuando estén disponibles, los datos sobre el cumplimiento de la meta de Glasgow como línea de base. Esta es la propuesta presentada por el Grupo de los Países Menos Adelantados (LDC, por sus siglas en inglés), la cual apoyamos plenamente.
- Un impulso para que los países donantes renueven sus compromisos de financiación para la adaptación. Los países donantes están llegando al final de sus compromisos actuales de financiamiento climático y ahora tienen la oportunidad de renovarlos y ampliarlos con metas específicas para la adaptación.
- Aprovechar el impulso político del Plan de Ruta de Bakú a Belém. El Plan de Ruta de Bakú a Belém proporciona el marco político necesario para elevar la financiación de la adaptación como pilar central del NCQG, junto con la mitigación. La COP30 debe aprovechar este momento para garantizar que la adaptación reciba recursos previsibles, en forma de donaciones y con acceso facilitado, capaces de abordar el subfinanciamiento crónico y fortalecer la resiliencia de los más vulnerables.
Recuerden… Financiar la adaptación es inteligente.
La adaptación es local, pero sus impactos son globales. Cada dólar invertido en adaptación genera hasta diez dólares en múltiples beneficios económicos y sociales, mientras que cada dólar no invertido se traduce en pérdidas humanas y financieras mucho mayores.
Financiar la adaptación salva vidas, reduce costos futuros y crea oportunidades para las comunidades y las economías, construyendo un desarrollo resiliente. En el sector agrícola, podría evitar pérdidas de 20 a 25 mil millones de dólares en cultivos y ganado para 2050. En el sector de agua y saneamiento, podría evitar pérdidas de 270 a 380 mil millones de dólares provocadas por tormentas, inundaciones y sequías. Reforzar la resiliencia en los sistemas de energía, transporte y telecomunicaciones podría evitar daños de 110 a 170 mil millones de dólares en infraestructura para 2050. Y invertir en resiliencia podría generar más de 280 millones de empleos en la próxima década (Systemiq et al., 2025).
Recuerden… Financiar la adaptación es proteger vidas.
En todo el mundo, la realidad de la inacción climática es catastrófica: inundaciones, sequías, inseguridad alimentaria y problemas de salud afectan a las poblaciones más vulnerables. Pueblos indígenas, comunidades locales, territorios afrodescendientes y barrios periféricos urbanos ya enfrentan estos riesgos con soluciones lideradas localmente. Pero, por más innovadoras que sean, estas iniciativas necesitan escala y previsibilidad: requieren financiamiento estable y apoyo político para transformar la resiliencia local en seguridad colectiva.
Tripliquen la financiación para la adaptación y sean recordados como los líderes que tuvieron el coraje de actuar.
Con determinación y esperanza,