A escolha do nome que apoiará a Presidência da COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro, na agenda de ação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (2). Na primeira declaração pública como Campeão Climático (High Level Climate Champion – HLC), o empresário Dan Ioschpe citou a transição energética como uma ação fundamental, sinalizando uma das prioridades de seu mandato de dois anos.

“Espero poder apoiar a presidência da COP30 no avanço da ação climática, incluindo a transição energética, fundamental para o desenvolvimento socioeconômico ao redor do mundo e ainda mais importante para o Brasil, dado o seu potencial para a aceleração desta agenda. Sempre integrando o maior número possível de agentes da sociedade, capturando as diferentes iniciativas e oportunidades”, disse Ioschpe.
Ioschpe não é um nome familiar para a maior parte do campo que atua em mudança do clima, mas teve um papel no grupo de mobilização Business 20 (B20) durante a presidência brasileira do G20, em 2024. Ele é presidente do conselho de administração da Iochpe-Maxion, líder global na produção de rodas automotivas e componentes estruturais e integrante dos conselhos de administração da WEG, da Marcopolo e da Embraer. Essas empresas – exceto a Marcopolo – assumiram compromissos net zero, que são um dos instrumentos fundamentais da campanha Race to Zero, liderada pelos Climate Champions das COPs. Ioschpe também atua como um dos vice-presidentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou a capacidade do nomeado em estabelecer diálogo com o empresariado. “Assim como demonstrou no G20 durante a presidência brasileira, Ioschpe poderá agora contribuir de forma extraordinária para conjugar as prioridades brasileiras para a COP30 e a ação do setor privado”.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, no comunicado oficial, destacou: “Neste novo papel como Campeão de Alto Nível do Clima, ele poderá contribuir para uma ação climática mais integrada, que reconheça a diversidade dos agentes econômicos e a urgência da transição justa”.

O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), Simon Stiell, foi outro a falar sobre a liderança necessária para articular o setor privado no anúncio oficial divulgado pela COP30: “À medida que aceleramos a ação climática, sua capacidade de unir os principais atores será crucial para fortalecer os esforços voluntários do setor privado e ampliar as soluções. Estou ansioso para trabalhar com ele na implementação do Acordo de Paris e para alcançar progressos significativos rumo à COP30”.
A CEO da COP30, Ana Toni, trouxe o conceito de mutirão divulgado na primeira carta da Presidência da COP30 para avançar a agenda de ação. “Precisaremos focar nossos esforços em um mutirão para implementar os acordos e iniciativas já firmadas, engajando agentes da economia real no cumprimento de nossas metas climáticas. A experiência de Dan Ioschpe será fundamental para sairmos da promessa para a prática”, disse.
Para o Instituto Talanoa o êxito da escolha será pautado pela ambição em impulsionar economias para longe das emissões. “Recebemos positivamente seu engajamento e confiamos que ele reconhece as exigências da liderança climática hoje — que vão além de metas voluntárias e requerem passos ousados para transformar modelos de negócio e promover a regulação para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. A Marrakech Partnership precisa de uma liderança capaz de impulsionar mudanças concretas na economia real, construindo consensos construtivos e orientados para o futuro”, comentou Natalie Unterstell, presidente da Talanoa.