O Brasil assumiu compromisso na Convenção do Clima de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEEs) até 2050. Isso significa que, em duas décadas e meia, o país não emitirá uma quantidade de GEEs superior àquela que for capaz de capturar, seja por meio da restauração florestal ou de outras tecnologias disponíveis. Mas cientistas vêm alertando que é preciso neutralizar essas emissões o quanto antes, já que eventos extremos estão se intensificando mais rapidamente do que se previa, e provavelmente ultrapassaremos o limite de elevação da temperatura em 1,5°C graus em poucos anos.

Ao antecipar essa meta, o Brasil atuaria em linha com o Artigo 2 da Convenção Quadro e com o objetivo de se evitarem os piores cenários de mudança do clima conforme o Acordo de Paris. Por isso, Talanoa recomenda que o Brasil se comprometa, na sua NDC, a avaliar a antecipação da meta de emissões líquidas zero para 2040.

Talanoa reconhece que o esforço com que o Brasil se comprometeu, de zerar as emissões na metade do século, é bastante desafiador. Esse esforço pressupõe que até 2040 as emissões decorrentes de desmatamento e boa parte da queima de combustíveis fósseis já terão sido cortadas, restando principalmente as emissões decorrentes do processo digestivo do gado (a fermentação entérica) e do uso de fertilizantes – gases metano e óxido nitroso, respectivamente. Mas o equilíbrio do clima do planeta exige que o esforço seja máximo, daí defendermos que a antecipação da meta seja ao menos estudada.