COP 28 – Dia 9: Três dias para achar as palavras certas

É hora de mudar do “quê” para o “como”, disse o secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell. A afirmação foi feita no diálogo de alto nível de ministros sobre ambição climática pré-2030. Stiell declarou que cortar pela metade as emissões nesta década não é desejo, mas é algo que precisa ser feito se quisermos manter a economia global funcionando e proteger bilhões de vidas humanas. 

 

“O documento resultante do Balanço Global (GST) dará o roteiro e o nível de ambição. Ele deve também começar a indicar o ‘como’”, disse Stiell. E é justamente sobre com que palavras expressar o “como” que os negociadores estão se debruçando. Como, sobretudo, desenhar um caminho para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. 

 

Essa se tornou a principal questão nas negociações da COP28. Restam apenas 4 dias para o final (oficial). O último rascunho do Balanço Global foi divulgado na sexta-feira, como mostramos no boletim do dia 8. Alguns observadores acham que ele se tornou mais fraco – referências a 1,5°C foram removidas. Mas ele deixa 4 opções com diferentes linguagens sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.

 

No mesmo evento em que Stiell falou sobre a necessidade de se dizer “como” alcançar mais ambição, a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, propôs em discurso a criação de uma instância justamente para se discutir como “tirar o pé dos acelerador das energias fósseis”: “Penso ser fundamental criar na esfera da UNFCCC, instância de discussão e negociação para tratar desse tema com a requerida urgência. As respostas que levam em conta as diferenças e circunstâncias nacionais e as alternativas de desenvolvimento social e econômico, principalmente para os mais fragilizados”.

COP na mídia

Sábado de protestos

Foi um sábado de protestos na COP 28. Muitas organizações da sociedade civil e delegados se juntaram para pedir o cessar-fogo no conflito entre Israel e Hamas, em Gaza. Segundo reportagem da Reuters, publicada na Folha na sexta-feira, ativistas estavam se queixando que podiam expressar suas opiniões livremente sobre o assunto na Conferência do Clima.

Além do protesto pelo cessar-fogo em Gaza, houve manifestação de um pequeno grupo, de cerca de 25 pessoas, pela soltura de ativistas pró-democracia presos nos Emirados Árabes e no Egito, mostrou outra reportagem da Reuters. A área onde ocorre a COP é considerada como um território sob domínio da ONU durante a realização da conferência. Ainda assim, a Human Rights Watch considerou o protesto como histórico, já aconteceu nos Emirados Árabes. 

Destaques do dia

País:

Holanda

A Holanda liderou uma coalizão de 12 países (Antígua e Barbuda, Áustria, Bélgica, Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Luxemburgo e Espanha, além da Holanda) que assumiram o compromisso para a elaboração de uma clara estratégia de eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis. Para começar, os signatários apresentarão em um ano o inventário de seus subsídios. Globalmente, esses recursos somaram US$ 7 trilhões em 2022. 

Fato:

Cerca de US$ 7 bilhões são direcionados anualmente, pelos setores públicos e privado, em atividades que impactam negativamente a natureza, de acordo com o último relatório sobre o Estado do Financiamento da Natureza, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) e parceiros. Por outro lado, os investimentos em soluções baseadas na natureza totalizaram aproximadamente US$ 200 bilhões em 2022.

Frase:

“Todos trabalharemos em conjunto para tentar encontrar uma linguagem que acomode as necessidades de todas as partes e que reflita também as grandes tendências de transição e inovação. Acredito que isto também está em linha com o Acordo de Paris.”

O que vem no dia 10 da COP?

Este domingo (10) será o dia temático voltado a Agricultura, Sistemas Alimentares e Água.

TALANOA NA COP28

  • Participaremos do evento “Balance desde América Latina de la COP28 y el camino hacia la COP30“, da CANLA (Climate Action Network – Latinoamérica). Será às 13h de Dubai (6h em Brasília), na Zona Azul B6, edifício 67, segundo piso.

    ● Transição Justa e Energia: Felipe Pino, FIMA
    ● Danos e Perdas: Alejandro Alemán, CANLA
    ● Financiamento: Sandra Guzmán, GCLAF
    ● Balanço Global: Catalina Gonda, analista de política climática
    ● Juventude: Elisa, Granzotto, WYCJ
    ● Brasil e COP30: Natalie Unterstell, Instituto Talanoa
    ● Moderação: Karla Maass, CANLA

  • Estaremos também no lançamento global da Plataforma Onda Verde, promovido pela Climate Ventures e pelo Pacto Global da ONU no Brasil, no painel “Tecnologia e inteligência de dados para impulsionar ações coletivas corporativas em prol do NetZero”, às 11h30 em Dubai (4h30 em Brasília), na SE Sala 9, Blue Zone, B6, Prédio 82. Confira os participantes:

    Convidados:
    ● Natalie Unterstell, Presidente do Instituto Talanoa
    ● Maria Netto, CEO do Instituto Clima e Sociedade (iCS)
    ● Walid Sheta, Presidente Oriente Médio e África da Schneider Eletric
    ● Fábio Galindo, CEO da Future Carbon

    Anfitriões e moderadores:
    ● Daniel Contrucci, Diretor Executivo da Climate Ventures
    ● Ricardo Gravina, Diretor Executivo da Climate Ventures
    ● Amanda Magalhães, Coordenadora da Plataforma Onda Verde na Climate Ventures
    ● Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil
    ● Alex Rose, Gerente Sênior de Meio Ambiente no Pacto Global da ONU no Brasil

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