O recado da natureza

Foto: Defesa Civil do Rio Grande do Sul
Em menos de um mês, o Rio Grande do Sul foi afetado por três ciclones extratropicais. O fenômeno meteorológico comum na região nesta época do ano pode se tornar cada vez mais frequente e mais intenso com as mudanças climáticas, afirmaram especialistas ao longo da semana. Os ventos fortes e as baixas temperaturas deixaram em alerta não apenas o estado gaúcho, toda a região Sul e até São Paulo. 

O coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) José Marengo, falou ao G1 sobre o aumento dos riscos de fenômenos como esse com as pessoas vivendo em áreas vulneráveis e as temperaturas global e regional em alta, alterando os padrões da circulação atmosférica.

Ainda neste mês, mais dois ciclones extratropicais, mas em área longe da costa gaúcha, sem causar chuvas e ventanias no Rio Grande do Sul. 

O professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Pedro Côrtes, comentando o ciclone desta semana, que provocou ventos de até 140 km/h, com ao menos duas mortes por quedas árvores (no RS e em São Paulo), ressaltou que as cidades não têm infraestrutura adaptada para tais eventos, sendo relevante o funcionamento dos sistemas de alerta à população e ações de prevenção e precaução.

Aguarde-se para o segundo semestre a atualização do Plano Nacional de Adaptação à Mudança Climática. É preciso atualizá-lo e implementá-lo com urgência, com recursos devidamente destinados para isso.


Lula na Colômbia
Construir uma nova visão de desenvolvimento sustentável para os países amazônicos foi uma das propostas defendidas em discurso pelo presidente Lula no encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, que ocorreu na Colômbia, no sábado passado. Ele ressaltou que há dois desafios a serem enfrentados pelos países amazônicos de forma conjunta: institucional (fortalecimento da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) e político (construção de “nova visão de desenvolvimento sustentável” para a região). Além disso, ressaltou que quer instituir um comitê de especialistas da Amazônia para fomentar a ciência.

Apesar de destacar o combate ao desmatamento e a necessidade de valorização do conhecimento tradicional e da economia local, a imprensa alegou que o presidente se esquivou quando o assunto foi a interrupção de novas explorações de petróleo na Amazônia. Na sua fala, Lula disse: “A descarbonização não deve aprofundar as desigualdades entre os países, reeditando a relação de dependência entre centro e periferia”.


Plano Verde
O governo federal aposta muitas fichas no “Plano Verde”. Apresentado ao presidente Lula pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no final da semana passada, o chamado “Plano de Transição Ecológica” foi detalhado em entrevista pelo ministro nesta semana. Entre as medidas previstas no plano, estão a implantação de painéis solares nas periferias, a eletrificação do transporte e a geração de energia eólica em alto mar.

Ainda dependendo da validação do presidente, o plano é visto como um “trunfo” de Lula, que deve apresentá-lo no encontro de países da América do Sul e da União Europeia na semana que vem. “Isso (o Plano) vale para a infraestrutura, para a geração de energia limpa, para a atração de investimentos estrangeiros que querem produzir produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil”, disse Haddad. 


Legislação europeia
Ainda não é definitivo, mas o Parlamento Europeu aprovou um plano que estabelece medidas de proteção ambiental e do clima. Entre as ações do chamado “Acordo Verde Europeu” está a reabilitação, até 2030, de pelo menos 20% dos ecossistemas terrestres e marinhos degradados na União Europeia. Com 336 votos favoráveis, 300 contra e 13 abstenções, o texto final ainda depende de negociação  entre os países do bloco. Importante ressaltar a importância dos temas ambientais e climáticos para a formalização do acordo Mercosul-União Europeia.


Balanço mensal
Depois de janeiro, junho foi o mês com o maior número de normas relevantes para as políticas de clima e meio ambiente até o momento, segundo o Monitor de Atos Públicos da Política por Inteiro. Foram 68 medidas captadas nesta área, muitas envolvendo os anúncios do dia 5 de junho. Tudo que foi destaque no último mês está na nossa Análise Mensal no blog. Confira!
MONITOR DA RECONSTRUÇÃO
Nesta semana não foram publicadas normas referentes aos caminhos apontados no relatório Reconstrução da Política por Inteiro.

Desde o início do novo governo federal, o Monitor de Atos Públicos captou 317 atos relacionados à política climática, destes, 131 tratam de normas que incidem no processo de reconstrução da agenda climática e ambiental brasileira.




MONITOR DE ATOS PÚBLICOS
O Monitor de Atos Públicos  captou nesta semana 10 normas relevantes para a agenda climática no DOU. O tema mais frequente foi Desastres, com 6 atos. A classe mais captada foi Resposta (8 atos), englobando normas de declaração de desastres e de emprego da Força Nacional de Segurança Pública em apoio ao IBAMA e ao Governo do Estado do Amazonas.




MONITOR DE DESASTRES
Nesta semana foram captadas 6 normas de reconhecimento de emergência em 49 municípios, especialmente por chuvas intensas em Alagoas e Pernambuco.

Bom fim de semana,
Equipe POLÍTICA POR INTEIRO

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