Está sendo um dia difícil. Como se pudesse haver um dia mais difícil do que os outros nestes tempos obscuros que vivemos. Tudo causa náusea: os relatos sensacionalistas, os autoelogios policialescos, as acusações difamatórias. Por um instante, a vontade de pôr tudo para fora passa, olhando um homem cantar abraçado pela floresta, acompanhado pelas vozes dos irmãos. Montam acampamento. Navegam pelo rio. Todos parecem felizes. Mas o ano é 2018. Fim do vídeo. Volta a náusea. É preciso uma cura. É preciso resistir. O antídoto está na floresta. É o que nos diz o alento ao ver a delicadeza de cenas como a de Bruno Pereira e Dom Phillips conduzidos pelos indígenas em meio à Amazônia. Ao ver seus sorrisos na floresta. Imagens como essas de Bruno e Dom amando estar na floresta vão nos curar. A Amazônia vai nos curar. O Instituto Talanoa e sua equipe nos solidarizamos com as famílias e amigos de Bruno Pereira e Dom Phillips. Exigimos que o Estado brasileiro apure e puna com rigor os responsáveis pelos assassinatos de Bruno e Dom. E respeite os povos indígenas como Bruno e Dom respeitaram, dando inclusive os devidos créditos à participação deles em elucidar o que poderia ter sido mais um homicídio esquecido na Amazônia. Comprometemo-nos a honrar o legado de Bruno Pereira e Dom Phillips na luta pela proteção à floresta.