Nesta semana, o Monitor de Atos Públicos captou 9 normas relevantes. Novamente, o tema Desastres foi o mais recorrente (3 atos). Entre as classes, Regulação e Resposta tiveram 4 atos cada, com normas de reconhecimento de situação de emergência nos municípios afetados por eventos climáticos e meteorológicos extremos, bem como lista de espécies ameaçadas de extinção pela CONABIO, regramentos do setor pesqueiro e marítimo e emprego da Força Nacional da Terra Indígena Serrinha/RS. Cadê o tubarão que estava aqui?A Resolução 8, de 8 de dezembro de 2021, da Comissão Nacional da Biodiversidade (CONABIO) foi publicada somente nesta semana no Diário Oficial da União (DOU). A norma concluiu “pela não objeção intersetorial colegiada quanto à proposta de Lista nacional de espécies ameaçadas de extinção” e afirma que a relação estava disponível no site do colegiado. Entretanto, a publicação da norma, na quarta-feira (2) e o fechamento deste boletim, na sexta (4), a lista de fauna disponibilizada foi alterada, de um documento com 1405 espécies para outro com 1399. Seis tubarões que estavam marcados em negrito na primeira publicação desapareceram da segunda. Dentre tais espécies, a Isurus oxyrhynchus, cuja exportação foi regulamentada em fevereiro, conforme reportado em nosso boletim semanal. Saiba mais sobre a falta de transparência e organização na divulgação da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção no Blog da Política Por Inteiro e acesse os documentos publicados. Importante ressaltar que não consta no site da CONABIO qualquer informação sobre a tomada de decisão quanto à lista, tampouco agenda futura das reuniões. Metano+ou-Joaquim Leite visitou a Usina Binacional de Itaipu (PR) para conhecer as instalações da Unidade de Demonstração (UDG) de biogás e biometano. O ministro do Meio Ambiente tem falado constantemente sobre o programa de metano, que será lançado em breve, dentro do compromisso brasileiro anunciado na COP26 para reduzir as emissões do gás. Enquanto isso, o Ministério de Minas e Energia (MME) se movimenta para acelerar empreendimentos de fracking no Brasil – método também conhecido como fraturamento hidráulico para explorar gás de xisto e que, entre outros impactos ambientais, libera metano. Dois servidores do MME realizam “visita técnica a Neuquén para conhecer os aspectos técnicos e ambientais da exploração e produção de recursos não convencionais”. A província na Patagônia é o principal polo de fracking da Argentina. FBMC sob nova direçãoMarco Antônio Fujihara foi nomeado para o cargo de Coordenador-Executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, na vaga anteriormente ocupada por Oswaldo dos Santos Lucon. Durante a COP26, Lucon informou que havia enviado e-mail a Joaquim Leite solicitando a sua exoneração, afirmando: “Esperava colocar governo e sociedade em diálogo. No entanto, não estava sendo útil nem para o governo, nem para a sociedade”. Guerra, mineração e fertilizantesCiro Nogueira (Casa Civil) declarou que ainda não definiram se o Plano Nacional de Fertilizantes será via decreto ou por projeto de lei. Ao que parece, o plano deixou o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no dia 02 de março. A discussão acerca dos fertilizantes ganhou força após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, apesar de direcionamentos quanto ao tema já terem sido iniciados antes, conforme informado pela POLÍTICA POR INTEIRO. Guerra, mineração e terras indígenasEstá em alta, também, a discussão acerca da liberação de mineração em terras indígenas. O tema requentou após o avanço governamental na viabilização da indústria de fertilizantes (especialmente o potássio) no contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia, inclusive por declarações de Jair Bolsonaro. Como consequência, no Legislativo, o deputado Ricardo Barros (PP/PR) busca colocar regime de urgência no Projeto de Lei 191/2020 que visa regulamentar a realização da pesquisa e da lavra de recursos minerais e hidrocarbonetos e o aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica em terras indígenas. SINAIS NO TWITTEROs temas mais discutidos no monitoramento que realizamos no Twitter, em parceria com a Folha de S.Paulo, de autoridades e políticos relacionados a clima e meio ambiente, foram Energia, Indígena e Amazônia. Os assuntos mais discutidos foram: Divulgação do relatório de avaliação do IPCC. Confira os principais destaques nestes fios de Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.– A divulgação– O Brasil– Oceano– As crianças Articulação do presidente Bolsonaro e do ex-ministro do MMA, Ricardo Salles, em favor da PL 191/2020, de autoria do poder executivo, que regulamenta a exploração de recursos em terras indígenas. Com argumentação baseada na “dependência de importação de potássio da Rússia”. Legislativo Destaques da semana SENADO FEDERAL CÂMARA DOS DEPUTADOS Sem movimentações importantes. Sem movimentações importantes. Novas proposições Projeto de Lei (PL) 412, de 2022: Autoria do senador Chiquinho Feitosa (DEM/CE), visa a regulamentar o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), previsto pela Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, e altera as Leis nºs 11.284, de 2 de março de 2006; 12.187 de 29 de dezembro de 2009; e 13.493 de 17 de outubro de 2017. Judiciário ADPF 709 O STF confirmou a medida cautelar já concedida anteriormente pelo ministro Luís Roberto Barroso para determinar: (i) a suspensão imediata dos efeitos do Ofício Circular Nº 18/2021/CGMT/DPT/FUNAI e o parecer n. 00013/2021/COAF-CONS/PFE-FUNAI/PGF/AGU; e (ii) a implementação de atividade de proteção territorial nas terras indígenas pela FUNAI, independentemente de estarem homologadas. Segunda-feira (28 de fevereiro) Sem publicações relevantes no dia. Terça-feira (01 de março) Sem publicações relevantes no dia. Quarta-feira (02 de março) BiodiversidadeRESOLUÇÃO CONABIO Nº 8, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2021 – RegulaçãoA CONABIO concluiu pela não objeção intersetorial colegiada quanto a proposta de Lista nacional de espécies ameaçadas de extinção, conforme documentos disponíveis em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/comissao-nacional-da-biodiversidade/comissao-nacional-da-biodiversidade. Desastres PORTARIA Nº 556, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2022 – RespostaPORTARIA Nº 574, DE 2 DE MARÇO DE 2022 – RespostaPORTARIA Nº 580, DE 3 DE MARÇO DE 2022 – Resposta Reconhece a situação de emergência por: Chuvas Intensas – Itaipé/MG, Gaúcha do Norte/MT, Itapicuru/BA, Alegre/ES, Campanário/MG, Malacacheta/MG, Itiruçu/BA, Lapão/BA, Morpará/BA, Novo Progresso/PA, Italva/RJ, Laje do Muriaé/RJ, São João da Barra/RJ; Estiagem – Água Doce/SC, Taquara/RS, Araricá/RS, Itatira/CE, Riachuelo/RN, Mostardas/RS,
Qual é a lista de espécies ameaçadas aprovada pela CONABIO?
A proposta da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção aprovada pela Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio) “mudou” entre quarta e sexta-feira no site do colegiado. A relação com as espécies da fauna brasileira que foi ao ar na quarta-feira (2), quando foi publicada a Resolução CONABIO 08/2021 no Diário Oficial da União (DOU), é diferente da que está disponível nesta sexta-feira (4). A versão anterior, com 1405 espécies, continha 6 animais de famílias de tubarões e que estavam marcadas em negrito no documento inicialmente publicado: Família Espécie ou subespécie Categoria de Ameaça Carcharhinidae Carcharhinus acronotus Quase Ameaçada (NT) Carcharhinidae Carcharhinus brevipinna Dados Insuficientes (DD) Carcharhinidae Carcharhinus falciformis Quase Ameaçada (NT) Carcharhinidae Carcharhinus leucas Quase Ameaçada (NT) Carcharhinidae Prionace glauca Quase Ameaçada (NT) Lamnidae Isurus oxyrinchus Quase Ameaçada (NT) A relação da flora continua a mesma, com 3.209 espécies, sendo uma marcada em negrito: Família Espécie ou subespécie Categoria de Ameaça Fabaceae Amburana acreana (Ducke) A.C.Sm. Vulnerável (VU) As espécies marcadas em negrito seriam aquelas em que a inclusão foi contestada por alguns grupos na reunião da Conabio. A manutenção ou não desses tubarões e da amburana na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção seria reavaliada por painéis, assim como o grau de ameaça (categoria). A Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção foi elaborada pelo ICMBio (fauna) e pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro (flora). A POLÍTICA POR INTEIRO disponibiliza abaixo os documentos publicados no site da Conabio na íntegra. Compare: publicados em 2/3/2022FaunaFlora publicados em 4/3/2022FaunaFlora Publicação de documentos “por link” prejudica a transparência O endereço na web em que a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção ficaria disponível foi publicado na Resolução 08/2021 da Conabio: “A Conabio (…) resolve concluir pela não objeção intersetorial colegiada quanto a proposta de Lista nacional de espécies ameaçadas de extinção, conforme documentos disponíveis em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/comissao-nacional-da-biodiversidade/comissao-nacional-da-biodiversidade”. A praxe da atual gestão federal tem sido não publicar na íntegra documentos como esses no DOU, relacionando somente os endereços na internet em que estariam disponíveis. Tal fato expõe uma grave vedação à transparência e à confiabilidade dos meios oficiais de divulgação de dados e informações. Historicamente, o Diário Oficial da União – DOU é o meio mais confiável (e, como o próprio nome diz, “oficial”) de acesso às normas publicadas de forma fidedigna e cujo conteúdo permite um resgate histórico e clara transparência à população. A Administração Pública deve se reger pelos princípios da transparência e eficiência. E a não publicação dos documentos completos no DOU acarreta em falhas sob esses dois aspectos: não há confiabilidade de que tais endereços web (página) perdurarão pelo tempo necessário nos caminhos indicados no Diário Oficial; não há garantia de que o conteúdo dessas páginas permanecerá inalterado após a publicação. A alteração da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção aprovada pela Conabio mostra que não é preciso se passar muito tempo para que essas falhas de transparência e eficiência fiquem evidentes com esse método de publicação. Em um intervalo de apenas dois dias, ficou evidente que não há garantia de que os cidadãos terão acesso, a qualquer momento, exatamente à mesma informação. Este episódio está longe de ser um caso isolado. Na gestão Bolsonaro, todas as bases de sites de órgãos e entidades do Governo Federal migraram para a extensão gov.br. A unificação de bases e serviços poderia ser uma iniciativa bastante positiva, se realizada sobre os preceitos da transparência e da boa governança. Entretanto, muitos dados relevantes sumiram nessa migração, como o Cadastro de Unidades de Conservação – CNUC. Especificamente quanto à Conabio, suas reuniões estão sendo realizadas a portas fechadas, sem qualquer divulgação das discussões e dos entendimentos, tampouco de como chegaram ao consenso ou documentos técnicos e processuais que embasaram as suas decisões. A POLÍTICA POR INTEIRO busca via Lei de Acesso à Informação (LAI) obter informações sobre as atividades do colegiado, até agora sem sucesso. Já escrevemos aqui no Blog da Política sobre a falta de transparência da Conabio. Por fim, outro detalhe sobre a desorganização na disponibilização dos conteúdos via link: a norma está nomeada erroneamente no site do Conabio, constando como “Resolução CONABIO 08/2018”, sendo que o correto é Resolução 08/2021: