A tragédia garimpeira na Amazônia

A explosão do garimpo ilegal na Amazônia foi um dos pontos destacados pelos convidados do último Conjunturas & Riscos, realizado na terça-feira 7 (assista a todos os encontros no YouTube da Política Por Inteiro). O debate online reuniu o professor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo Eduardo José Viola, a pesquisadora das universidades de Oxford e Lancaster Erika Berenguer e o sócio-fundador da FAMA Investimentos Fabio Alperowitch. A mediação foi de Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, do qual a POLÍTICA POR INTEIRO faz parte.

Liberar a extração nas terras indígenas foi uma das promessas de Bolsonaro na campanha eleitoral. E um projeto de lei nesse sentido tramita no Congresso. Os discursos que incentivam a prática criminosa se refletiram no aumento do garimpo ilegal com intensificação de conflitos na região, incluindo ataques violentos às populações indígenas.

A pesquisadora Erika Berenguer, com mais de uma década de experiência na Amazônia, destacou que se fala em 450 garimpos ilegais na Amazônia brasileira, com este número aumentando. “O principal legado do garimpo é a bioacumulação do mercúrio e de outros metais pesados nos peixes e, consequentemente, no corpo humano. Precisamos de operações fortes de comando e controle”, disse. Os danos à fauna e à flora e à saúde humana se estendem muito além dos territórios próximos do local em que a atividade ocorre.

O administrador Fábio Alperowitch, da FAMA Investimentos, falou sobre o papel dos mercados no tema: “Os bancos são financiadores dessas atividades ilegais. Não adianta um banco falar que é amigo do clima e financiar este tipo de atividade. Não podemos esperar do governo. A própria sociedade civil deve se organizar”.

Garimpo ilegal, desmatamento e outras ações criminosas têm relação direta com a corrupção. E, por isso, combatê-la deve fazer parte da pauta da comunidade climática, sobretudo para se aproximar a agenda do setor às prioridades da população em geral com vistas ao ano eleitoral de 2022. Esse foi um dos pontos defendidos pelo professor Eduardo Viola, no panorama sobre a política climática na próxima eleição (leia mais sobre Como as políticas climática e ambiental estarão nas eleições de 2022).

 

Conjuntura: no que ficar de olho para a agenda de clima

Para fechar a série de debates, e como de praxe, Natalie fez uma rodada de conjunturas. “O que ficar de olho no próximo mês ou no próximo ano?” Para Natalie, esta semana está agitada. “Temos o PL Licenciamento Ambiental e Regularização Fundiária, em votação única. Teremos consequências fortes caso passem.” Já Erika pensa no próximo ano: “O aumento da atividade garimpeira ilegal na Amazônia, com a retórica pró garimpo e o PL para autorizar garimpo em terra indígena são preocupantes”. Fábio destaca um outro viés: “A eleição do Congresso precisa de atenção”. E o professor Viola olha para o cenário internacional. “Ficaria de olho na nova coalizão de governo na Alemanha, na questão da política ambiental internacional. É um programa muito consistente”.

Estes foram só alguns dos destaques do debate Conjunturas & Riscos: Política Climática Por Inteiro, que aconteceu nesta terça-feira. Você pode assistir o evento completo no vídeo abaixo ou pelo link: https://youtu.be/iMMwt7JAwks .

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