Sem clima

(O conteúdo que você vai ler a seguir é feito totalmente por humanos, e para humanos)

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

Na Política por Inteiro, procuramos sempre falar de um assunto complexo como mudança do clima de um jeito descomplicado, para que aproxime diferentes públicos dos muitos aspectos ligados ao tema. Nesse desafio, por vezes, as metáforas e as analogias são inevitáveis. Outro dia trazíamos que o Projeto de Lei que busca implodir o Licenciamento Ambiental no Brasil poderia ser comparado a um strike no boliche, jogada em que todos os pinos são derrubados de uma vez. Nesse caso, os pinos da política ambiental, que dão sustentação à saúde pública e às metas climáticas nacionais. E o pior: o Senado fez acontecer. 

A semana também trouxe movimentos na “frente petrolífera”, na Margem Equatorial. A comparação da vez parece inevitável: o investimento crescente em energia proveniente de fontes fósseis, que emitem carbono pra dedéu na atmosfera, alimenta uma bomba-relógio, daquelas típicas dos filmes de ação, sempre ativada por um vilão recalcado que está pouco se importando com o mundo. Diferentemente dos roteiros-clichê, a redenção do filme climático não se dá pela existência de um ou dois heróis, que via de regra iriam de alguma forma miraculosa conseguir desativar a bomba faltando menos de cinco segundos para a detonação. Não temos os truques cinematográficos ou os efeitos especiais à disposição para evitar o cataclisma. O desafio de uma realidade climática em negação por muitos é mais complexo: mesmo que a bomba-relógio já tenha sido ativada pelo padrão global de desenvolvimento – baseado no consumo irrefreável como medida de sucesso – por vezes temos núcleos de atores capazes de fazer movimentos que, se não acrescentam tempo na contagem regressiva, pelo menos evitariam que o reloginho se acelerasse.

Definitivamente, não foi o caso do Brasil nesta semana. Os segundos se aceleraram com notícias vindas do Senado e da interação entre Ibama, Petrobras e Ministério de Minas Energia (MME). 

A começar pelo Congresso, a Casa das Unidades da Federação, onde tivemos a confirmação de que o Pacto pela Transformação Ecológica é mesmo o bebê reborn do Legislativo nacional. Davi Alcolumbre assina a arte-final da destruição (vendida como “simplificação”) do licenciamento no Brasil. O presidente do Senado, representante do Amapá, é defensor da pesquisa e da exploração de petróleo na costa de seu estado, parte da chamada Margem Equatorial brasileira. O Projeto de Lei nº. 2.159/2021 foi aprovado na noite da quarta-feira, 21, mesmo sob fortes fundamentos sobre seus prejuízos ao país. 

A semana já não estava fácil: dois dias antes, na segunda-feira, o Ibama aprovara no papel o Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF) da Petrobras, uma etapa do licenciamento para a “Atividade de Perfuração Marítima no Bloco FZA-M-59, na Bacia do Foz do Amazonas”, um empreendimento da Petrobras. Agora haverá testes e vistorias para verificar a capacidade desse plano atender a uma emergência de derramamento de óleo. Trata-se de mais um passo para a liberação da perfuração para pesquisa e posterior exploração do petróleo na região.

O processo de licenciamento do bloco FZA-M-59 não se resume a liberar ou não a atividade na “Foz”. Sim, é simbólico porque trata da abertura de uma nova frente de exploração no Brasil, justamente na Bacia da Foz do Amazonas. Porém, a questão climática tem, por vezes, sido eclipsada, já que o debate em matéria ambiental – não menos importante – insiste em assumir o centro dos pronunciamentos oficiais e das manchetes em veículos de massa. Como clima vai além de ambiente, é possível que o governo permita a aprovação da licença desejada pelo MME com todas as garantias ambientais possíveis – como a presidente da Petrobras já tratou de anunciar, em tom megalômano –, deixando de lado a conta do clima. A mesma conta que, no contexto de uma ordem global obtusa, cada vez menos países, bancos e companhias se dispõem a pagar. 

Mais fósseis, mais emissões, mundo mais quente, furo nas metas de mitigação, adaptação mais difícil. Prejuízos de toda ordem, mortes, viver cada vez mais sendo substituído por sobreviver

Vamos falar em português claro? Transição energética não combina com debates ingênuos ou idealistas. Via de regra, eles são contraproducentes e inflam o discurso de quem contra-argumenta que emocionalismos e questões ideológicas (sempre essa) permeariam as falas de quem defende o clima. Um debate honesto parte da premissa que “o botão do petróleo” não consegue ser desligado amanhã de manhã, é verdade. Contudo, faltam maturidade e espírito público a quem nega o impacto climático da expansão de fósseis, evitando internalizar que “transição” pressupõe deslocamento, movimento, sair da inércia. É exatamente isso que não vem acontecendo. A evidência mais nítida? Só olhar os orçamentos para investimento em redução progressiva da dependência de fósseis. Se a transição é o caminho, por que nossa política energética não se move? Se as evidências científicas de que o mundo não pode mais viver de fósseis são fartas e há consenso global sobre a transição energética, por que nem 1% da renda do petróleo no Brasil vai para clima? Que transição é essa?! 

Em vez disso, o debate vem caminhando para um lado desonesto, em que a garantia de segurança nacional e a redução da pobreza energética – argumentos legítimos e irrefutáveis – são utilizados para uma finalidade que atenta contra a sociedade: empurrar com a barriga a transição para longe dos combustíveis fósseis.

Em entrevista recente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o mundo chegou ao momento em que “ou se faz alguma coisa [concreta em política climática], ou vai ficar muito difícil de reparar os danos que se sobrepõem, dos pontos de vista ecológico e econômico”. Quando falou de energia, foi categórico: “temos que o quanto antes prescindir [abrir mão] do petróleo. Não temos condição de usar petróleo sem emitir carbono. Isso se faz com investimento em [fontes] renováveis. O petróleo que eventualmente possa estar lá [na Margem Equatorial] não pode ser pretexto para atrasarmos a nossa transição [energética]. Porque aí nós vamos ter que usar e vamos ter a desculpa de não ter outra fonte de energia. Aí não dá”. A fala de uma peça central na engrenagem do governo está a que distância da prática do mesmo governo? Aliás, haveria tempo de esse governo mostrar que discurso e prática ainda podem se alinhar?

A Presidência brasileira da COP30 puxa pro lado de cá, tentando mostrar que é possível. A despeito das votações no Senado e das pressões para liberar a exploração de petróleo logo ali, pertinho da sede da próxima Conferência do Clima, a terceira carta publicada pelo embaixador André Corrêa do Lago reforça a ideia de mutirão englobando negociadores, alertando que a papelada assinada nas salas de negociação só tem efeito se “colocar em prática o que já foi acordado”. E disse que todos precisam se unir para fazer a transição energética para longe dos fósseis, acabar com o desmatamento e acelerar a energia renovável. Tudo de forma justa e equitativa. Nada que combine com novos postos de exploração de Petróleo, nem flexibilização de licenciamento ambiental. 

Vivemos tempos em que as pessoas se mostram cada vez mais descrentes de que o Estado seja um resolvedor de problemas da sociedade. É justamente por isso que nós, que acreditamos na importância da figura estatal, precisamos insistir que é essencial proteger as institucionalidades, em vez de torná-las vulneráveis. Foi, infelizmente, o que aconteceu nesta semana, em que parte dessa institucionalidade, de mais de 40 anos de um licenciamento ambiental forjado em alta especialidade técnica, que por vezes superou as próprias dificuldades estruturais que lhe foram impostas, foi duramente golpeada. Bola com o Supremo Tribunal Federal (STF), que deve aplicar o entendimento constitucional de que a avacalhação do Licenciamento Ambiental é incompatível com “meio ambiente ecologicamente equilibrado” e “dignidade da pessoa humana”, dois artigos de museu para o Legislativo nacional. 

Faz pouco mais de um ano que o Rio Grande do Sul nos ensinava, da maneira mais dolorosa, a lição de que políticas públicas de desenvolvimento só são legítimas se comprometidas em desincentivar e se preparar para a mudança do clima. 

Não foi por acaso que o atual governo trouxe reconstrução como emblema. Cabe agora a ele próprio, dessa forma, evitar a destruição, materializada, para além da vida real, nos fundamentos da República. 

Muitas mãos são necessárias para desarmar a bomba-relógio. Em ano de COP no Brasil, o governo tem mandato para reuni-las. Não confundi-las. 

Que o mutirão não seja só para contenção de danos. 

Boa leitura!

TÁ LÁ NO GRÁFICO

Inspirado na recente publicação do Instituto Talanoa “Estratégias para Financiamento do Plano Clima: Adaptação e Resiliência Climática”, nesta semana, o Tá Lá no Gráfico aponta caminhos para que o governo federal opere instrumentos de financiamento climático com olhar de investimento: o dinheiro precisa chegar antes do desastre. Adaptar é, também, economizar dinheiro e otimizar recursos públicos para enfrentar a emergência climática com inteligência. Conheça as prioridades, estratégias e recomendações do nosso time de especialistas.

FRASE DA SEMANA

“Eu não conseguiria nem entender porque alguém, hoje, recusaria uma proposta dessas [de ingressar no Fundo Florestas Tropicais para Sempre].”

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, no programa Cidades & Soluções, sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), cujo desenho vem sendo liderado pelo Brasil, para a COP30. Ele afirmou que países europeus têm interesse em fazer investimentos no fundo, mas que EUA e China ainda “não deram sinal verde”. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

ABC DO CLIMA

UNFCCC: A UNFCCC (sigla em inglês para United Nations Framework Convention on Climate Change), ou Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, é um acordo internacional, especificamente um tratado, estabelecido em 1992 durante a Rio-92. Ele ficou aberto para assinaturas no Rio de Janeiro, de 4 a 14 de junho de 1992. E depois, na sede da ONU, em Nova York, por um ano, de 20 de junho de 1992  a 19 de junho de 1993. No período, atingiu 166 signatários. A convenção entrou em vigor em 21 de março de 1994. Atualmente, as Partes são 197 países e um bloco econômico (a União Europeia).

O principal objetivo da UNFCCC é estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, reconhecendo a influência das atividades humanas nas mudanças climáticas globais. 

A UNFCCC é uma das chamadas “Convenções do Rio”, sendo uma das duas abertas para assinatura durante a Cúpula da Terra realizada no Rio de Janeiro em 1992 – a outra foi a Convenção Sobre Diversidade Biológica. A terceira convenção-irmã, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), foi convocada no documento final da Cúpula – a Agenda 21.

Desde então, a UNFCCC serve como a principal base para negociações climáticas internacionais, sendo o único espaço legítimo para decisões globais sobre o clima.

Com o propósito de buscar estratégias e alianças para enfrentar a crise climática, a UNFCCC organiza conferências e eventos periódicos, como a Semana do Clima, que ocorreu recentemente no Panamá, e a COP30, que será realizada no Brasil.

MONITOR DE ATOS PÚBLICOS

Nosso Monitor de Atos Públicos captou 9 atos relevantes para política climática nacional nesta semana. A classe mais presente no monitoramento foi Finanças com 3 atos, puxada pelo pacote de regulamentações do Ministério das Cidades. Já a classe mais presente foi Regulação, totalizando 4 normas que incluem um reconhecimento de Território Quilombola no estado do Piauí. Foram captados também 2 atos de Reforma Institucional, a nova composição da Conaveg e a criação do Comitê Técnico do Balanço Energético Nacional.

Ministério das Cidades acena para adaptação climática

Nesta semana, o Ministério das Cidades (MCid) publicou um pacote de normas que estruturam o financiamento para a adaptação climática nos territórios urbanos.

Em portaria regulamentou a aplicação de Emendas Parlamentares no âmbito do ministério. Dentre diferentes ações, as rubricas “Apoio à Implementação de Soluções Baseadas na Natureza (SbN) para Adaptação Inclusiva das Periferias Urbanas às Mudanças Climáticas”, “Apoio à Regularização Fundiária Urbana” e “Apoio à Execução de Projetos e Obras de Contenção de Encostas em Áreas Urbanas” jogam pelo clima. Em outra norma, regulou a contratação de empreendimentos habitacionais, incluindo as SbN como diretrizes a serem seguidas.

No mesmo pacote, uma Instrução Normativa regulamentou o Programa de Desenvolvimento Urbano – Pró-Cidades. A norma traz novas regras de destinação de recursos do FGTS para projetos de urbanização, através de empréstimos reembolsáveis. A agenda de adaptação ganhou espaço nas diretrizes, que trazem importantes avanços em relação ao estabelecido nos anos anteriores. Agora os critérios de adaptação são protagonistas no processo de seleção dos projetos, e fica vetada a possibilidade de financiamento para ações que apresentem riscos de má adaptação.

Além das regulações, o MCid divulgou, via portaria, sua meta institucional de contratação de empreendimentos habitacionais subsidiados para reduzir o déficit de moradia em cidades brasileiras com população superior a 50 mil habitantes: 111.000 unidades habitacionais, sem prazo.

Embora, à primeira vista, a meta não pareça dialogar diretamente com a agenda climática do Brasil, será essencial analisar adiante o quanto dela será perseguida, tendo como calibragem cenários climáticos futuros para tais localidades. A decisão governamental de financiar determinado empreendimento habitacional deve levar em conta a vulnerabilidade do local pretendido de acordo com esses cenários. Assim, estudos preditivos – e não apenas os retrospectivos – se tornam indispensáveis para reduzir o risco climático das obras. 

Pela norma, 2.000 dentre as 111.000 unidades habitacionais são destinadas a localidades afetadas por situação de emergência ou estado de calamidade pública, circunstâncias que podem ser ocasionadas por eventos climáticos extremos. Usar a ciência preditiva é vital para que essa demanda não aumente nos próximos anos. E também para o país não jogar dinheiro fora.

Essas estratégias se conectam com o lançamento de uma plataforma virtual, que está sendo chamada de Agenda de Sustentabilidade do MCid. Nela, há a possibilidade de monitorar investimentos em adaptação climática e em mitigação de emissões em programas afetos ao Ministério, a exemplo dos vinculados ao PAC.

Piauí em emergência

Em ato da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, nesta semana, 126 dos 224 municípios do estado do Piauí tiveram situação de emergência oficialmente reconhecida. O motivo é a Seca, decorrente de um estendido período de outro evento extremo: a Estiagem. Mas não é uma seca comum: trata-se do que regionalmente se convenciona chamar de “Seca Verde”, fenômeno em que até chove o suficiente para esverdear as plantações, mas não o suficiente para que se desenvolvam adequadamente a ponto de gerarem colheita. O fenômeno também significa que as necessidades da população por água persistem. A mudança do clima pode intensificar fenômenos como a Seca Verde, já que não só o volume ou o período, como a regularidade das chuvas também é afetada pela desordem climática. E quem atua na produção agrícola sabe o quanto previsibilidade e regularidade importam. 

Com o reconhecimento oficial, os municípios passam a receber recursos financeiros vindos do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), uma remediação que não terá fim quanto mais se desenterrar carbono do subsolo para exploração de fontes fósseis de energia. 

Para o governo estadual, o número de municípios em situação de emergência é de 205, isto é, 91% daquele estado.

Conaveg se expande… E os resultados? 

Nesta semana, uma portaria do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) ampliou consideravelmente o número de cadeiras na composição da Comissão Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa, a Conaveg, principal braço operativo do plano nacional homônimo, o Planaveg. O número de ministérios saltou de 7 para 10, mais autarquias foram incluídas e, também, mais assentos a representantes da sociedade civil (incluindo redes de recuperação da vegetação por bioma, comitê de bacias, movimentos sociais, ciência), além do setor privado. 

O Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) é uma política central na NDC brasileira, e herdou da versão de 2016 da meta climática nacional o compromisso de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa em território brasileiro, meta a ser batida até 2030. Nesta mesma semana, o Planaveg foi pauta do próprio Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e vinculadas, em evento alusivo ao Dia Mundial da Biodiversidade. Apesar do esforço na governança, os resultados têm ainda custado a aparecer.

BRASIL

Depois da Lei da Reciprocidade, a Devastação

Mais uma medida anticlima do Congresso: a aprovação no Senado do Projeto de Lei 2.159/2021, conhecido também como PL da Devastação. O sinal verde para desmonte do licenciamento ambiental ocorre algumas semanas depois de outra ameaça ao clima: a chamada Lei da Reciprocidade. Lembra? A pretexto de proteger o Brasil dos arroubos tarifários do atual presidente dos EUA – mas mirando mesmo as relações comerciais que exigem compromisso ambiental do país, a exemplo do que propõe o regulamento europeu – a lei autoriza o Poder Executivo a “impor contramedidas, na forma de restrições ou suspensões” a países e blocos econômicos que adotem medidas baseadas em “requisitos ambientais que sejam mais onerosos do que os parâmetros, as normas e os padrões de proteção ambiental adotados pelo Brasil”. 

Ou seja: com o PL do Licenciamento Ambiental virando lei (ainda passará pela Câmara antes de seguir para sanção de Lula), o sarrafo é deliberadamente trazido para baixo e qualquer país cujo mercado exigir mais do Brasil em matéria ambiental – e, por consequência, climática – sofrerá consequências, o que deve distanciar o país de acordos comerciais.  

Um downgrade. E mais um golpe reputacional. 

[Em detalhes: confira análise da Política por Inteiro sobre a tal reciprocidade, feita em abril]

MUNDO

A Vaca não está tão morta assim

A estatal argentina de petróleo YPF fechou seu primeiro acordo para exportação de gás natural com um ente brasileiro, informa em detalhes o portal Eixos. A reserva de Vaca Muerta foi descoberta em 2010 e possui grandes reservas de xisto e de petróleo, fontes fósseis de energia. Pelo alto volume de recurso energético estimado, governos argentinos – independentemente de legendas – têm tratado a reserva de Vaca Muerta como um ativo estratégico para o desenvolvimento econômico do país.

Sai a Terceira Carta da Presidência da COP

Em meio a uma semana de retrocessos no Brasil, a Presidência da COP30 publicou a terceira carta. Desta vez, com mensagem mais direcionada aos negociadores e à agenda de Bonn, na Alemanha, onde as partes se reunirão na próxima semana, ACL defendeu o multilateralismo e a necessidade de que a diplomacia climática produza frutos para as comunidades locais. Em outras palavras, o embaixador defendeu que, à medida que o multilateralismo for capaz de gerar resultados concretos na vida das pessoas,  “salvando o planeta” – na linguagem do bom e velho clichê – estará salvando a si próprio. Neste texto, a presidência da COP é enfática em priorizar a agenda de adaptação e explícita na urgência de mutirão para fazer a transição energética para longe dos fósseis acontecer.

Papa Leão XIV é convidado à COP30

O vice-presidente Geraldo Alckmin esteve na cerimônia que marcou o início do pontificado do Papa Leão XIV e o convidou para a COP30. O presidente da Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jaime Spengler, já havia tido uma audiência com o novo Papa na semana passada, oportunidade na qual chegou a assuntar o papel da igreja na Conferência em Belém, em novembro.

MONITOR DE DESASTRES

O Monitor de Desastres captou 17 atos de reconhecimento de emergência decorrentes de eventos climáticos extremos, que alcançaram 217 municípios. A carência (ou a irregularidade) d’água é destaque. O estado do Piauí estabeleceu estado de emergência para Seca em 126 de seus 224 municípios. O Rio Grande do Sul segue sofrendo com Estiagem, evento detectado em pelo menos 1/4 dos eventos da semana.

Das 21 semanas transcorridas em 2025, até aqui, essa foi a semana recorde em ocorrências.

Para consultas detalhadas, visite nosso Monitor de Desastres.

Nota explicativa: os dados registrados no Monitor de Desastres referem-se única e exclusivamente às situações de emergência ou calamidade pública reconhecidos oficialmente pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil/MDIC nesta semana. Eventualmente, é possível que desastres ocorridos na mesma semana não sejam contabilizados, dado que o reconhecimento do governo federal leva alguns dias para ser publicado.

TALANOA POR AÍ

A Talanoa participou da Semana Regional do Clima realizada na Cidade do Panamá. Além de acompanhar o lançamento oficial do “mutirão global pelo Clima” e compor painéis de debates, promovemos um encontro de alto-nível com lideranças latinoamericanas para debater a oportunidade estratégica que a transição energética representa para a região. Entre os convidados estavam Liliam Chagas, negociadora-chefe do Brasil para a COP30, e embaixadores de Colômbia, Chile, Reino Unido e Guatemala.

Foto: Instituto Talanoa

Na ocasião, Honduras anunciou sua adesão à Powering Past Coal Alliance (PPCA) e à política No New Coal, abandonando seus últimos planos de novas usinas a carvão. Com isso, os dois últimos projetos em planejamento na América Latina foram oficialmente encerrados. A decisão marca um avanço regional significativo: agora, nenhum novo projeto de carvão está previsto em toda a América Latina. A região caminha para uma matriz energética mais limpa e resiliente, exemplo para os demais continentes.

TALANOA NA MÍDIA

Jornal Zero HoraA presidente da Talanoa, Natalie Unterstell, falou sobre a importância de o tema da adaptação climática ser prioridade na agenda nacional.
Ponto a PontoPetróleo e Transição Energética também foi assunto de uma conversa entre Natalie Unterstell e Clarissa Lins para a série Ponto a Ponto, da Fundação FHC.
Sul – Inteligências para ImpactoLiuca Yonaha participou do Inteligências do Sul, discutindo o uso da inteligência artificial a favor da análise e formulação de políticas climáticas.

Bom fim de semana,
Equipe POLÍTICA POR INTEIRO

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